quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Pressão sobre Flavio é para ‘tentar me atingir’, diz Bolsonaro. "Eu acredito nele, a pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir. Não é justo atingir o garoto para tentar me atingir", afirmou o presidente

POLÍTICA
 
 O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista para Bloomberg em Davos, na Suíça - 23/01/2019 (Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista à TV Record nesta quarta-feira, 23, que a pressão que seu filho mais velho, o deputado estadual e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), está sofrendo em função de movimentações suspeitas em sua conta tem o objetivo de atingir seu governo. “Eu acredito nele, a pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir”, disse em entrevista concedida em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

O presidente afirmou que as acusações contra Flavio são “infundadas” e que houve quebra do sigilo bancário do senador eleito pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), o que Bolsonaro classificou como “arbitrariedade”.

“Nós não estamos acima da lei, como qualquer outro estamos embaixo da lei. Agora que cumpra a lei, não faça de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir o garoto para tentar me atingir. O Brasil vai muito bem e nós não recuaremos no nosso propósito de fazer o Brasil grande e colocar o país no lugar de destaque que ele merece”, repetiu. E saudou Flavio: “Para o meu filho aquele abraço, fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda certeza”.

Mais cedo, em entrevista à agência Bloomberg, o presidente disse que, se ficar provado que Flavio cometeu algum ilícito, ele terá de pagar o preço.

Crise na Venezuela

Bolsonaro também comentou a crise na Venezuela e afirmou temer as ações do governo Maduro: “Queremos restabelecer a liberdade para o povo venezuelano. Mas a história tem nos mostrado que as ditaduras não passam o poder para a oposição de forma pacífica. O Brasil acompanha com muita atenção e está no limite daquilo que pode fazer para restabelecer a democracia naquele país”.

Investimentos

Jair Bolsonaro afirmou ainda que foi procurado por vários chefes de Estado e empresários em Davos: “Todos estão interessados no Brasil.”

No entanto, o presidente disse que o interesse externo está condicionado ao ajuste fiscal. “Nós precisamos fazer a nossa parte. Não podemos continuar com o déficit que temos ano a ano. E algumas reformas temos que fazer para que eles voltem a ter confiança em nós.”

O presidente lembrou que as medidas de ajuste dependem do Congresso e chamou a responsabilidade dos parlamentares. “Quero contar desde já com o Senado Federal e com a Câmara dos Deputados para atingirmos juntos esses objetivos”.

Segundo Bolsonaro, os investidores estrangeiros pedem que o país seja desburocratizado, diminua sua carga tributária e remova barreiras. “Com a equipe econômica, estamos conversando desde há muito e estamos ultimando medidas nesse sentido.”

Bolsonaro avaliou que os estrangeiros estão muito empolgados com o País e citou o novo recorde do Índice Bovespa no fechamento da sessão desta quarta-feira (96.558,42 pontos), após o pronunciamento do ministro da Economia Paulo Guedes. “E por que não dizer da minha (fala)?”.

Cancelamento da entrevista

Sobre o cancelamento da entrevista coletiva que daria nesta quarta-feira 23 em Davos, o presidente disse que o motivo foi sua saúde. “Por recomendação médica, tenho que chegar descansado no hospital no domingo para me submeter a uma cirurgia bastante complexa. Todo meu abdômen será aberto novamente. Da última vez, tomei 35 pontos e deve ir por aí, então não posso chegar cansado lá”. Bolsonaro vai se internar no Albert Einstein, em São Paulo, para retirar a bolsa de colostomia que utiliza desde o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro.



(Com Estadão Conteúdo)

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