Exposição de corpos no pátio do Itep foi destaque nacional em 2014 — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
Dos 79 corpos sem identificação encontrados no Instituto
Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte pelo Ministério
Público, 45 estavam em um quarto que servia de dormitório. A informação
está no Termo de Inspeção, assinado pelo promotor Vitor Emanuel de
Medeiros Azevedo após a fiscalização desta quinta-feira (24). O G1 teve acesso ao documento.
Os corpos estavam dentro do cômodo que atualmente não é mais usado como
um espaço para dormir. Mas deveriam estar dentro da câmara frigorífica.
Nem o Itep, nem o MP confirmaram o motivo de os cadáveres estarem no
dormitório. Com relação aos demais cadáveres sem identificação, o
Instituto disse que estavam todos na câmara.
A 19ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal realizou nesta manhã uma inspeção de urgência na sede do Itep.
O objetivo é investigar o atraso na confecção de laudos necroscópicos,
que tem gerado o acúmulo de dezenas de cadáveres sem identificação.
De acordo com o Termo de Inspeção, entre esses 45 corpos que estavam no
dormitório, 20 tinham algum tipo de informação sobre sua origem e os
outros 25 estavam sem qualquer identificação.
Segundo o promotor Vitor Emanuel relata no documento, há ainda dezenas
de corpos esqueletizados, semiesqueletizados ou mumificados, cuja
contagem somente poderá ser feita após a conclusão de uma obra nas
dependências do Núcleo de Antropologia Forense. As construções fizeram
com que os cadáveres fossem transportados a uma sala sem iluminação.
“Após debates sobre a necessidade de aperfeiçoamento do fluxo de
trabalho referente aos procedimentos necessários à realização dos exames
periciais e à consequente liberação dos corpos para inumação,
acordou-se um prazo de três meses para a solução do acúmulo de corpos”,
afirma o promotor no Termo de Inspeção.
Depois a inspeção o Itep iniciou um mutirão para identificar os corpos.
Também deve ser mantido contato com a Prefeitura Municipal de Natal
para a disponibilização de espaços nos cemitérios públicos para a
inumação dos cadáveres. O Ministério Público deu 90 dias para que o
Instituto de Perícia apresente um relatório com as medidas efetivamente
adotadas.
(Por Anderson Barbosa e Rafael Barbosa, G1 RN)
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