segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Os autores do múltiplo homicídio em Brumadinho imploram por castigo. A fila dos responsáveis pelo crime ambiental é tão extensa quanto a lista dos fregueses da Odebrecht

TRAGÉDIA EM MINAS GERAIS
Rompimento de barragem em Brumadinho (MG)
Vista aérea da região afetada pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) - 26/01/2019 (Andre Penner/AP)



A fila de responsáveis pelo múltiplo homicídio, culposo ou doloso, seguido de destruição ambiental é tão extensa quanto a lista dos fregueses do Departamento de Propinas da Odebrecht. O desfile dos delinquentes de Brumadinho merece ser puxado pelo ex-governador Fernando Pimentel, cujo descaso pela vida dos mineiros foi escancarado pela reprise da erupção de horror em Mariana, e pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman. O comandante da empresa reincidente jura que não tem palavras para descrever o sofrimento que lhe causou o rompimento de outra barragem. O que anda fazendo a turma que preside cabe em 18 letras: canalhice assassina.


A multidão de protagonistas e coadjuvantes agrupa corruptos acampados na Agência Nacional de Águas e na Agência Nacional de Mineração, comparsas infiltrados no Ministério de Minas e Energia, campeões da vadiagem que infestam os órgãos encarregados de zelar pelo segurança das barragens, engenheiros vigaristas, fiscais bandidos a serviço de mineradoras, parlamentares que impedem o endurecimento da legislação, ineptos fantasiados de promotores de Justiça e magistrados que, por safadeza ou estupidez, poupam de punições os delinquentes que produzem tsunamis de rejeitos. Fora o resto.

A contemplação do passado informa que o Brasil se habituou a só colocar fechadura em porta arrombada. Para que essa deformação repulsiva deixe de obstruir o caminho que encurta a chegada ao futuro civilizado, é preciso transformar em marco zero o drama que assombrou novamente o mundo. Os autores da tragédia de Brumadinho são casos de polícia. Têm de aprender que já não existem condenados à perpétua impunidade. A direção da empresa merece exemplares castigos financeiros. Todos os envolvidos no crime merecem cadeia.


(Augusto Nunes/Veja.com.br)

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