DELAÇÃO PREMIADA
Palocci abordou atuação de Lula em esquema (Marcelo Justo/Folhapress)
O ex-ministro Antonio Palocci
assinou nesta quarta-feira, 9, um acordo de delação premiada com o
Ministério Público Federal no DF nas investigações da Operação
Greenfield, que apura fraudes em fundos de pensão de funcionários de
estatais. Desde segunda, ele presta depoimento aos procuradores do MPF. O acordo ainda precisa ser homologado pela 10ª Vara de Brasília.
Palocci abordou a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT)
para que a Funcef (de servidores da Caixa) e a Petros (de funcionários
da Petrobras) entrassem como acionistas da Norte Energia, proprietária
da usina hidrelétrica de Belo Monte. Os dois fundos, dos funcionários da
Caixa e da Petrobras, respectivamente, possuem 10% cada um de
participação na usina.
Em um primeiro depoimento, ainda em 2018 e sem ter assinado um
acordo, Palocci já havia dito que o ex-presidente interferia em
investimentos dos fundos de pensão desde a década de 90 e que teria
recebido propina por causa de sua atuação relacionada à construção de
Belo Monte.
Acompanhado de seus advogados, Palocci começou a prestar depoimentos
aos procuradores na última segunda-feira, quando chegou de São
Paulo. Com autorização da 12ª Vara Federal de Curitiba, ele foi a Brasília de carro para evitar exposição nos aeroportos das duas cidades.
O ex-ministro já assinou um acordo de colaboração com a Polícia
Federal de Curitiba no qual abordou crimes cometidos no âmbito da
Petrobras. Um segundo, fechado no final do ano passado com a PF de
Brasília e que tramita em sigilo, envolve acusações contra alvos com
direito a foro privilegiado, como políticos com mandato.
As investigações da Greenfield começaram em 2016, quando ela já havia
mapeado em sua primeira fase possíveis irregularidades no investimento
em Belo Monte. À época, no pedido de prisão do ex-presidente da Funcef,
Guilherme Lacerda, os investigadores citam um possível desdobramento da
apuração cujo alvo seria a obra de Belo Monte.
Em agosto de 2018, os procuradores informaram, em relatório à
Procuradoria-Geral da República, que os potenciais prejuízos dos casos
alvos da operação chegam a 54 bilhões de reais.
Palocci foi condenado a nove anos e dez dias de prisão por corrupção e
lavagem de dinheiro. Em setembro de 2016, ele foi preso na Operação
Omertà, desdobramento da Lava Jato. Para se livrar da prisão, o
ex-ministro fechou acordo de delação com a Polícia Federal, homologado
pelo desembargador Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).
No dia 29 de novembro, Palocci deixou a prisão dois anos e três meses
depois de detido para cumprir pena provisória em regime prisional
semiaberto domiciliar, com tornozeleira eletrônica.
(com Estadão Conteúdo)
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