CÚPULA DO MDB
Moreira Franco(esq), o presidente Michel Temer (centro) e Eliseu
Padilha (dir), durante cerimônia de assinatura de contratos de
concessões dos aeroportos de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e
Florianópolis - 27/07/2017 (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 10, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou a favor de que o ex-presidente Michel Temer e os ex-ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Minas e Energia) sejam investigados conjuntamente no caso que trata de
supostas propinas de R$ 14 milhões da Odebrecht para a cúpula do MDB. A
apuração está relacionada com o jantar no Palácio do Jaburu, realizado
em 2014, e que foi detalhado nos acordos de colaboração premiada de
executivos da Odebrecht. Então vice-presidente, Temer teria participado
do encontro em que os valores foram solicitados.
O inquérito tramitava no STF, mas foi
desmembrado – apenas a investigação contra Temer estava suspensa pelo
fato de a investigação dizer respeito a atos ocorridos antes do período
em que ele comandou o Palácio do Planalto. A Polícia Federal já concluiu
pela existência de indícios de que Temer, Padilha e Moreira Franco
cometeram os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No final de outubro, o ministro Edson Fachin,
relator de casos relacionados à Operação Lava Jato no Supremo, decidiu
suspender temporariamente a investigação de Temer – na época, o então
presidente da República não podia ser responsabilizado por atos
ocorridos antes de assumir a presidência da República.
Fachin também mandou as investigações contra Moreira Franco e Eliseu
Padilha para a Justiça Eleitoral de São Paulo – a PGR quer a
investigação na Justiça Federal do DF, mas esse recurso de Raquel Dodge
ainda não foi examinado. As punições na Justiça Eleitoral são mais
brandas.
Moreira Franco também recorreu ao STF no final do ano passado,
pedindo que a sua investigação não fosse desmembrada da apuração sobre
Temer. No entanto, com o fim da presidência de Temer, a investigação do
ex-presidente sairá do Supremo e também “descerá” para instância
inferior.
“O ministro-relator determinou o desmembramento do feito ante a
imunidade temporária e personalíssima que prevê a vedação de
processamento do Presidente da República relativa a crimes cometidos
antes do exercício do mandato”, observou a procuradora-geral da
República.
Para Raquel Dodge, é certo que os fatos apurados são “conexos”. “Não
há mais qualquer utilidade prática no agravo interposto pelo investigado
(Moreira Franco), uma vez que o mandato presidencial de Michel Temer
encerrou em 1º de janeiro de 2019. Os fatos (investigados no caso do
jantar) serão apreciados por apenas um juízo, a ser definido após a
decisão do agravo regimental interposto por esta Procuradoria-Geral da
República (contra decisão de Fachin que determinou investigação de
Moreira Franco e Padilha para a Justiça Eleitoral de São Paulo)”,
escreveu. “No presente caso, há nítido vínculo de índole subjetiva entre
as condutas. Mas além disso, a motivação, o contexto criminoso e a
forma de agir também apontam para o vínculo entre as diversas
infrações”, apontou Raquel.
(Por
Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário