PREVIDÊNCIA
Com doze anos de transição, mulheres levariam até sete anos a mais para
se aposentar. (Evandro Leal/Agência Freelancer/Folhapress)
A equipe econômica de Jair Bolsonaro estuda encurtar o período de transição para fixar uma idade mínima para a aposentadoria. Em uma das propostas que foi apresentada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, elaborada pelo ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga e pelo economista Paulo Tafner, esse tempo seria de 12 anos, metade do previsto na Proposta de Emenda a Constituição (PEC), do ex-presidente Michel Temer.
Caso adote esse modelo, o tempo de espera para quem está no mercado de
trabalho conseguir se aposentar pode chegar a até sete anos.
Em uma simulação feita pelo economista Pedro Fernando Nery, consultor
do Senado e co-autor da proposta, o prazo para que o segurado que está
no mercado possa pedir o benefício é de cinco anos no caso dos homens e
sete no caso das mulheres filiados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No caso de um homem de 50 anos, empregado há 30 no setor privado,
poderia se aposentar, pelas regras atuais, em 2024, com 55 anos de
idade. Com a reforma de Temer, teria acesso ao benefício mais tarde, em
2027, quando teria 58 anos. Já na proposta Arminio-Tafner, ele só
poderia parar aos 60 anos, ou seja, em 2029, ou seja, cinco anos depois.
No caso das mulheres, o tempo para a aposentadoria com a reforma pode
ser ainda maior. Pegando o exemplo de uma mulher de 45 anos, com 25
anos de contribuição ao INSS, ela se aposentaria a 50 anos, Com a
reforma de Temer, essa mulher poderia se aposentar em 2030, aos 56 anos
de idade. Já na nova proposta, essa idade seria de 57 anos, em 2031. Ou
seja, a mulher precisaria trabalhar sete anos a mais para conseguir o
benefício.
Na proposta de Temer a transição fixa uma idade mínima que vai
subindo um ano na idade a cada dois anos passados. O ponto de partida
seriam 53 anos para mulheres e 55 anos para os homens, até chegar aos 62
anos e 65 anos, totalizando 21 anos de transição, caso a idade passasse
a valer em 2020. No plano de Armínio e Tafner, o ponto de partida é o
mesmo, mas as idades sobem um ponto a cada ano. Com isso, a idade teto
seria fixada após 12 anos e ficaria em 65 anos tanto para homens quanto
para mulheres.
Em 10 anos, o Governo Federal economizaria 471,5 bilhões de reais a mais do que se a reforma de Temer fosse aprovada.
A proposta foi apresentada por Armínio Fraga a Paulo Guedes poucos
dias após a eleição de Bolsonaro. Além da fixação da idade mínima, o
plano prevê a criação de um sistema de capitalização para novos
trabalhadores, o que é bem visto pela equipe econômica e deve constar na
nova proposta.
Na capitalização, o trabalhador contribui mensalmente com um
tipo que poupança que vai ajudar a financiar sua própria aposentadoria
no futuro e não para um regime de repartição, como é feito atualmente.
Na quarta-feira, o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni afirmou que
ele Paulo Guedes devem apresentar a reforma para Jair Bolsonaro até a
próxima semana, antes da viagem do presidente para o Fórum Econômico
Mundial, em Davos, na Suíça.
Embora a proposta Arminio-Tafner seja uma das opções à disposição do
ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo pode escolher outros
caminhos. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também apresentou uma proposta de reforma
do sistema atual e a criação de sistema de capitalização para novos
trabalhadores. Porém, na proposta da Fipe, a transição seria mais longa,
de até 28 anos para a fixação da idade mínima para todos os
trabalhadores em 65 anos.
(Por
Larissa Quintino/Veja.com.br)
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