quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Em tese, Bebianno foi demitido por ser mentiroso. Para apoiadores de Bolsonaro, era um traidor

MENTIROSO E TRAIDOR
 

Taxado e demitido oficialmente por ser supostamente um mentiroso, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, tem dividido opiniões pelo país. Enquanto tenta resgatar sua reputação perante a nação, o ex-ministro tem sido alvo de narrativas conspiratórias, que o colocam como um inimigo infiltrado no governo Bolsonaro encarregado de vazar informações para os meios de comunicação. Continuar assim, logo se chegará a um determinando ponto em que não será mais possível saber qual é o verdadeiro enredo desta história. Se Bebianno é mesmo um mentiroso conspirador infiltrado ou se é apenas um homem tentando limpar a sua honra após uma sequência de mal entendidos.infeliz
 Dando prosseguimento a sua campanha de entrevistas para reabilitar sua reputação perante a opinião pública, Bebianno afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, "inflamou a cabeça do pai" e foi o responsável por sua demissão do governo. Em entrevista ao programa Pingos nos Is da rádio Jovem Pan, Bebianno criticou narrou episódios de hostilidades de Carlos ao longo da campanha eleitoral de 2018 e disse que sua influência sobre o presidente é nociva para o governo.

"Eu fui demitido pelo Carlos Bolsonaro", afirmou, acrescentando que "não deveria nem ter assumido" pois não queria cargo em troca da sua atuação na campanha. "A minha indignação aqui é por ter servido como um soldado leal de todas as horas, disposto a matar ou a morrer, e, no fim da linha, ser crucificado, levar um tiro nas costas e tachado que tudo que há, simplemente porque o senhor Carlos Bolsonaro fez uma macumba psicológica na cabeça do pai."

O ex-ministro ainda atribuiu ao filho do presidente "um nível de agressividade acima do normal" e  afirmou que Carlos atacou verbalmente integrantes do PSL no Rio de Janeiro, onde seria conhecido como "destruidor de reputações". "Se você ouvir os membros do PSL no Rio de Janeiro, muitas pessoas foram atacadas de forma muito forte, veemente e sem nenhum motivo pelo Carlos. Esse troço virou uma bola de neve, porque as pessoas têm medo de se confrontar”, disse Bebianno.

Sobre uma suposta crise interna envolvendo denúncias de uso de verbas públicas por meio de candidaturas de laranjas, o que, segundo Bebianno, era o que mais preocupava o presidente, se viesse a existir alguma crise neste episódio, a crise teria origem em Pernambuco, não em Brasília. É uma questão de competência legal, por isso disse que 'não há crise'".

Bebianno forneceu detalhes técnicos sobre suas atribuições como presidente nacional do PSL, afirmando que os depósitos foram feitos diretamente às candidatas laranjas de Pernambuco e de demais Estados atendendo exclusivamente a critérios de indicações dos diretores estaduais.

O ex-ministro ainda confirmou que encaminhou uma explicação por escrito para o presidente Jair Bolsonaro e uma cópia "mais aprofundada" para os generais que fazem parte do governo. "Expliquei como funciona a divisão de verbas, o general Heleno, Santos Cruz, Floriano Peixoto, leram aquilo, compreenderam a situação e viram, pelo menos naquele momento, que a minha explicação era muito consistente."

No entanto, aliados do presidente não veem com bons olhos a campanha de Bebianno nos meios de comunicação. Embora não exista uma versão oficial para a demissão de Bebianno, o entendimento é o de que o ex-ministro caiu por ser supostamente um traidor infiltrado no governo. Ao menos esta teria sido a motivação implícita de sua exoneração. No entanto, Bebianno, já fora do governo, está conseguindo manter enorme visibilidade na imprensa e prolongando ainda mais uma crise que deveria ter sido encerrada há uma semana. A batalha por versões deve se estender ainda mais, na medida em que o  governo não consegui produzir novos fatos para atrair a atenção da imprensa.



(Imprensa Viva)

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