
Joseph DeAngelo, ex-policial e serial killer que cometeu 13 homicídios e 50 estupros na Califórnia nas décadas de 1970 e 1980, foi condenado a prisão perpétua - AFP
Estados Unidos - Joseph DeAngelo,
um ex-policial que confessou ter cometido 13 homicídios e 50 estupros
na Califórnia nas décadas de 1970 e 1980, foi condenado nesta
sexta-feira a passar o resto de sua vida atrás das grades depois de
aterrorizar uma geração.
O serial killer DeAngelo pediu
desculpas às suas vítimas pouco antes de o juiz Michael Bowman
condená-lo a 11 penas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade
condicional.
A sentença foi estabelecida conforme um acordo selado
em junho com a promotoria, no qual DeAngelo concordou em se declarar
culpado pelos crimes de que era acusado, evitando a pena de morte.
"Quando uma pessoa comete atos monstruosos, precisa
ser presa para que nunca mais possa atacar outro inocente", disse o
juiz, que proferiu "a sentença máxima absoluta que o tribunal pode
impor, segundo a lei".
Na corte, instalada em uma universidade de Sacramento
para evitar aglomerações em meio à pandemia, vítimas e familiares
aplaudiram ao ouvir a sentença, proferida mais de três décadas depois do
último crime conhecido.
"Aliviada, (me sinto) muito aliviada de que ele vá
passar o resto da vida na prisão", disse à AFP Jane Carson-Sandler, uma
das vítimas. "Fui violentada há 44 anos, passou muito tempo, por isso
hoje é como se fosse um milagre".
'Lamento muito'
A audiência desta sexta-feira se seguiu a três dias
em que as vítimas e familiares de vítimas do chamado "Golden State
Killer" (assassino do Golden State, o Estado Dourado, como é chamado o
estado da Califórnia) puderam confrontar seu agressor.
DeAngelo, um ex-policial e veterano de guerra de 74
anos, vestido com uma camiseta branca sobre seu macacão laranja de
presidiário e o rosto coberto com uma máscara, manteve uma expressão
neutra enquanto ouvia sua história de terror nos relatos dos afetados.
Também conhecido como "East Area Rapist" (estuprador
da zona leste) e "Original Nightstalker" (primeiro perseguidor noturno),
DeAngelo admitiu ter assassinado 13 pessoas e estuprado 50 entre 1975 e
1986, além de ter cometido vários assaltos e sequestros, crimes pelos
quais recebeu condenações adicionais.
Com a voz rouca e dificuldades para se levantar da
cadeira, ele disse, antes de ouvir sua sentença: "Escutei todos os seus
testemunhos, cada um deles. E lamento muito por todos os que machuquei".
Durante coletiva que se seguiu à audiência, os
promotores disseram que o pedido de desculpas do réu era "uma falsidade"
e mostraram vídeos do acusado em sua cela subindo em móveis e
movimentando-se com facilidade para desmontar a imagem de fragilidade
que mostrou na corte.
"Não acredito em nada do que diz", concordou Carson-Sandler. "Não acredito que houvesse nada de verdadeiro em sua declaração".
'O diabo'
Os ataques de DeAngelo, que tem três filhas adultas e
netos, começaram inicialmente na região de Sacramento, no centro da
Califórnia, antes de se espalharem por todo o estado.
Desde seu último crime conhecido, o estupro e
assassinato de uma garota de 18 anos em 1986, 32 anos se passaram até
sua captura, em 2018.
Os investigadores compararam o DNA coletado na cena
do crime com perfis disponíveis em sites que analisam amostras genéticas
de pessoas que desejam saber sobre seus ancestrais. Explorando árvores
genealógicas, os pesquisadores encontraram DeAngelo por meio de parentes
distantes.
Essa pista os levou à casa de um homem mais velho,
que morava em um subúrbio da capital do estado, Sacramento, área onde
ocorreram muitos dos ataques e onde viveu por 20 anos.
E após a comparação de uma amostra encontrada no lixo
com o DNA, ele foi preso. "Hoje é o diabo que será condenado a ficar
atrás das grades pelo resto de sua vida. Ele nunca será livre, graças a
Deus", disse o promotor distrital do condado de Orange, Todd Spitzer.
"Sinceramente, acredito que essa pessoa, quem nem pode ser chamada de pessoa, merecia a pena de morte", acrescentou.
O governador da Califórnia suspendeu a pena capital no estado pelo menos durante o seu mandato.
Para a defesa, um homem de família
Na quinta-feira, Sharon Huddle, que foi esposa de
DeAngelo por 46 anos, disse desconhecer a atividade criminosa do marido e
que teria que conviver "todos os dias com o fato de que ele atacou e
prejudicou seriamente a vida de centenas de pessoas inocentes e
assassinou 13 pessoas inocentes".
Esta advogada, que se casou com o réu em 1973,
assegurou que não tinha conhecimento de sua atividade criminosa.
"Acreditei quando ele me disse que precisava trabalhar, que iria caçar
faisões ou visitar seus pais a centenas de quilômetros de distância",
segundo um comunicado.
Antes de DeAngelo falar, seus advogados de defesa
tentaram apresentar o condenado como um homem de família. "Esperamos
que, ao admitir essas ofensas, o Sr. DeAngelo tenha proporcionado um
pouco de paz aos seus sobreviventes e seus entes queridos", afirmaram.
Uma declaração da irmã do réu, lida pelos advogados,
culpou o pai dos dois "em parte" pelo "abuso mental e físico", mas
insistiu em que não estava "procurando uma desculpa" para os crimes de
DeAngelo.
(Por
AFP)
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