LAVA JATO NO RIO
Dario Messer, conhecido como 'doleiro dos doleiros' - Reprodução Facebook
Rio - O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, concedeu liberdade provisória e sem uso de tornozeleira ao 'doleiro dos doleiros' Dario Messer, que neste mês se tornou delator após fechar acordo de colaboração premiada com a Lava Jato fluminense.
A decisão foi proferida em recurso do Ministério
Público Federal, que sugeriu a Bretas que substituísse as prisões
preventivas contra o doleiro, incluindo as domiciliares, pelo uso de
tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.
Messer cumpre prisão domiciliar desde abril por ser
do grupo de risco da doença, sendo beneficiado por decisão do próprio
Bretas mantida pelo Superior Tribunal de Justiça.
Em decisão, o juiz da Lava Jato Rio negou impor o uso
de tornozeleira, destacando o comportamento de Messer em 'colaborar com
a Justiça'. Segundo Bretas, caso Messer tente embaraçar as
investigações, 'acarretará em severos prejuízos' para si mesmo, como a
própria rescisão do acordo de delação premiada.
"Em que pese o fato de o acusado ter permanecido
foragido da Justiça por mais de um ano, tal circunstância, por si só,
não pode ser considerada para embasar a manutenção de sua segregação
cautelar", afirmou Bretas. "Isso porque o comportamento do imputado
passou a ser o de colaborar com a Justiça, o que se depreende não apenas
da celebração do acordo de colaboração premiada, mas também das
inúmeras manifestações nas quais o acusado comunica ao Juízo a saída de
sua residência para tratamento médico desde que foi colocado em prisão
domiciliar".
Bretas impôs somente duas medidas cautelares a
Messer: a entrega de passaportes e a proibição de manter contato com
outros investigados.
No último dia 12, Messer e a Lava Jato firmaram
acordo de delação na qual o doleiro se comprometia a relatar crimes e
apresentar provas em troca de cumprimento de até 18 anos e nove meses de
prisão, com progressão de regime prevista em lei. O 'doleiro dos
doleiros' também deverá devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos - valor
recorde para o Ministério Público Federal do Rio.
Messer foi alvo de três desdobramentos da Lava Jato:
'Câmbio, Desligo', que mirou 'grandioso esquema' de movimentação de US$
1,6 bilhão de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de
dólar-cabo, operação que burla mecanismos de fiscalização financeira;
'Marakata', contra transações e contrabando de esmeraldas e pedras
preciosas; e 'Patrón', que investiga organização criminosa que o teria
ajudado a fugir das autoridades brasileiras no Paraguai.
Em sua delação, Messer afirmou que o ex-presidente do
Paraguai, Horácio Cartes, o aconselhou a não se entregar e pagou US$
600 mil ao doleiro para garantir que autoridades paraguaias não
autorizassem sua extradição ao Brasil.
(Por:Estadão Conteúdo)
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