REFORMA MINISTERIAL
Número de ministros que estiveram no governo Bolsonaro já é maior do que o de seus antecessores
Após formalizar na segunda-feira seis mudanças no gabinete ministerial
, o presidente Jair Bolsonaro ultrapassou seus antecessores eleitos após
a redemocratização na rotatividade de ministros em pouco mais de dois
anos de mandato. No total, Bolsonaro chegou a 24 mudanças em ministérios
ou órgãos com status de ministério, superando o recorde anterior, da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que havia feito 20 mudanças em
período equivalente.
Diferentemente de Dilma e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Bolsonaro
não havia feito uma reforma, alterado um conjunto de ministérios de uma
só vez, ao longo dos dois primeiros anos de mandato. Na única vez em que
mexeu em duas pastas no mesmo momento, em fevereiro de 2020, o
presidente demitiu Osmar Terra da Cidadania e acomodou na pasta Onyx
Lorenzoni, o que levou a Casa Civil a ser ocupada pelo general Braga
Netto.
Antes da reforma
desta semana, as trocas até então haviam ocorrido por atritos com outros
Poderes, como no caso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em
julho passado; por brigas dentro do corpo de ministros, o que ocasionou a
demissão de Marcelo Álvaro Antônio do Turismo no fim de 2020; ou por
desavenças com o próprio presidente e seus filhos - casos de Gustavo
Bebianno, que deixou a Secretaria-Geral da Presidência em janeiro de
2019, e de Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido da Secretaria de
Governo em abril daquele ano.
No governo Dilma
, a primeira reforma ministerial ocorreu já no segundo semestre de 2011,
o primeiro ano de seu mandato. Em junho daquele ano, houve mudanças no
ministério da Pesca, na Casa Civil e na Secretaria de Relações
Institucionais. Alvo de denúncias por evolução de patrimônio, o então
chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, pediu demissão à época e foi
substituído por Gleisi Hoffmann. Quatro dias depois, Ideli Salvatti
deixou a Pesca para assumir a secretaria de Relações Institucionais no
lugar do também petista Luiz Sérgio, que assumiu o ministério vago. Com
um intervalo de menos de um mês, Alfredo Nascimento deixou a pasta dos
Transportes e deu lugar a Paulo Sérgio Passos, mantendo o posto sob o
guarda-chuva do PR (atual PL).
Dilma faria uma nova rodada de reforma ministerial em março de 2013,
trocando o comando de pastas como os ministérios da Agricultura e do
Trabalho e de secretarias como a de Assuntos Estratégicos e de Aviação
Civil.
No total, Dilma fez modificações em 17 órgãos com status de
ministério até março de 2013, no início do seu terceiro ano de mandato,
mesma duração do governo Bolsonaro atualmente. O governo
da petista tinha originalmente 38 ministérios, mais do que as 22 pastas com as quais Bolsonaro iniciou o mandato.
No primeiro mandato do ex-presidente Lula
, houve reforma ministerial em janeiro de 2004, abrindo o segundo ano de
governo. Seis ministros deixaram o governo, e outros dois foram
realocados em novas pastas: Ricardo Berzoini, que deixou o então
ministério da Previdência e foi para a pasta do Trabalho, e Jaques
Wagner, que deixou esta última pasta e foi para o Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, que não tinha status de ministério.
Lula faria outra reforma ministerial ampla em julho de
2005, após estourar o mensalão. A data, no entanto, fica fora do
intervalo compreendido pela comparação com o tempo atual do governo
Bolsonaro.
Em 1996, já em meio ao segundo ano de mandato, o então presidente Fernando Henrique Cardoso
fez uma reforma que acomodou partidos da base -- como o PPB (atual PP),
de Francisco Dornelles, nomeado para a pasta do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio Exterior e Turismo -- e criou uma nova pasta, a de
Coordenação de Assuntos Políticos. Também houve mudanças no Ministério
do Planejamento -- o então ministro José Serra (PSDB) deixou o cargo
para concorrer à prefeitura de São Paulo -- e da Agricultura.
No comparativo com os sucessores, FH foi o que menos mexeu no ministério
no período em questão: até março de 1997, fez oito mudanças em oito
pastas que já estavam no seu gabinete original. Lula, em seu primeiro
mandato, fez 11 trocas em nove pastas.
Veja as mudanças nos ministérios em cada governo
Jair Bolsonaro
- 22 pastas no gabinete original
- em 12 houve mudanças
- total de trocas: 24
Dilma Rousseff (até março de 2013)
- 38 pastas no gabinete original
- em 17 houve mudanças
- total de trocas: 20
Lula (até março de 2005)
- 33 pastas no gabinete original
- em 9 houve mudanças
- total de trocas: 11
Fernando Henrique Cardoso (até março de 1997)
- 26 ministérios no gabinete original
- em 8 houve mudanças
- total de trocas: 8
(Por
Agência O Globo)