ELEIÇÕES
A Cambridge Analytics, que
participou da campanha de Donald Trump, obteve dados sigilosos de 50
milhões de usuários do Facebook e usou as informações para ajudar a
eleger o presidente americano em 2016.
Com a revelação do caso, a empresa desistiu de atuar no Brasil -ela abriu um escritório em São Paulo em dezembro de 2017.
A
informação sobre o vazamento foi divulgada neste sábado (17) pelo
jornal americano The New York Times e pelo britânico The Observer e
confirmada pela própria rede social, que disse ter banido os envolvidos.
A revelação joga luz no papel da Cambridge Analytics na eleição de
Trump e aumenta o questionamento sobre a privacidade dos dados no
Facebook.
Um ex-funcionário da Cambridge Analytics, Christopher
Wylie, revelou aos dois jornais os detalhes do esquema, que funcionou
entre 2014 e 2015.
A empresa ganhou fama durante a eleição
americana por ser pioneira no uso de psicologia comportamental com base
em grandes bases de dados em campanhas políticas. Ela faz parte da
consultoria britânica SCL e tem como sócio o bilionário Robert Mercer,
apoiador de Trump.
Na época do vazamento, em 2014, a Cambridge
Analytics tinha como vice-presidente Steve Bannon, que depois comandaria
a campanha de Trump e se tornaria seu assessor na Casa Branca.
O
roubo dos dados foi feito através do aplicativo thisisyourdigitallife,
que pertence à GSR, empresa do russo-americano Aleksandr Kogan,
pesquisador da Universidade de Cambridge.
O app pagava usuários
para responderem uma série de perguntas e, em troca, a pessoa consentia
que o programa tivesse acesso às suas informações no Facebook, como
localização e "likes" –cerca de 270 mil pessoas aceitaram disponibilizar
seus dados dessa forma.
O aplicativo, porém, não avisava que além
dos dados dos usuários, também captava as informações de todos os
amigos, chegando ao total de 50 milhões de pessoas.
Esses dados foram vendidos pela GSR para a Cambridge Analytics.
Segundo
a publicação americana, os dados permitiram traçar o perfil psicológico
de 30 milhões de eleitores. Além da eleição americana, a mesma técnica
teria sido usada para ajudar a campanha para a saída do Reino Unido da
União Europeia.
As regras do Facebook permitem que um aplicativo
capte os dados de outras pessoas, mas apenas se eles forem usados para
fins de pesquisa ou para melhorar a experiência do usuário –é proibida
tanto a venda quanto o repasse a outros.
A própria rede social
disse que soube do vazamento em 2015 e culpou Kogan por não seguir as
regras. O Facebook afirmou que na ocasião retirou o aplicativo do ar e
pediu que todos que tivessem os dados apagassem as informações obtidas,
incluindo a Cambridge Analytics, que teria concordado com o pedido.
A
empresa não comunicou o vazamento das informações às autoridades e não
avisou os usuários de que os dados tinham sido roubados. Nesta sexta
(16), após ser questionado pelo The New York Times sobre o caso, o
Facebook anunciou a suspensão das contas da Cambridge Analytics e da
SCL.
BRASIL
Por causa do
escândalo nos EUA, o braço brasileiro da Cambridge Analytics disse neste
sábado (17) que decidiu cancelar a parceria com a empresa.
O grupo estrangeiro atuava no país por meio da consultoria A Ponte,
do publicitário André Torretta. Com o convênio, a agência passou a se
chamar CA-Ponte. "É importante dizer que os fatos não aconteceram no
Brasil. No entanto, A Ponte decidiu não renovar a parceria com a CA, até
que tudo seja esclarecido", afirmou em nota o escritório local.
(Com
informações da Folhapress)
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