terça-feira, 27 de março de 2018

Milicianos cobram R$ 30 por mês de ‘taxa de segurança’ de moradores em dois bairros na Zona Norte do Rio

OU PAGA, OU MORRE.....
 Milicianos e traficantes trocaram tiros nesta segunda-feira
 Milicianos e traficantes trocaram tiros nesta segunda-feira Foto: Reprodução TV Globo

Os paramilitares que agem na Favela da Chacrinha, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, têm uma tabela de valores cobrados como “taxa de segurança” de moradores e comerciantes nos bairros Quintino e Cascadura, para onde ampliaram seu domínio, na Zona Norte. Moradores de cada apartamento ou casa da região são obrigados a dar R$ 30 por mês, recolhidos sempre na primeira semana. Já comerciantes pagam R$ 40 por semana, segundo investigações da Polícia Civil e relatos de moradores.

A disputa territorial entre milicianos e traficantes na Praça Seca ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira. Um grupo de paramilitares foi flagrado pelo helicóptero da “TV Globo” tentando invadir a favela Bateau Mouche, dominada pelo tráfico. Após uma troca de tiros na comunidade, homens armados com fuzis e pistolas entraram em três carros e fugiram pela Rua Cândido Benício, a principal da região. As imagens mostram alguns dos integrantes do bando apontando armas para motoristas para que o grupo pudesse atravessar a via. O BRT Transcarioca, que cruza a área ligando a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, chegou a fechar.

Os milicianos saíram do Morro da Chacrinha para tentar retomar o controle da Bateau Mouche, que já foi dominada pelos paramilitares. No caminho, deixaram uma granada, que foi detonada mais tarde pelo Esquadrão Antibombas. Uma moradora foi ferida por uma bala perdida durante o confronto.

Desde o início de fevereiro, os tiroteios entre os dois bandos na região têm sido quase diários. No último mês, a milícia sofreu um golpe: seu chefe, Horácio Souza Carvalho, foi preso por policiais civis no fim de fevereiro num apartamento na Barra da Tijuca. Com o miliciano, os policiais encontraram R$ 214 mil, além de apreender um carro importado blindado em nome de outra pessoa.

A disputa entre traficantes e milicianos na Praça Seca se intensificou após uma traição. Hélio Albino Filho, de 45 anos, conhecido como Lica, era um dos chefes da milícia da Chacrinha e se aliou à maior facção do tráfico do Rio para ajudar na invasão à Bateau Mouche.

Lica foi preso em 27 de junho de 2012 e, quase quatro meses depois, em 13 de outubro, voltou às ruas, beneficiado por uma decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro, uma operação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), em Campinho, terminou com dois milicianos mortos. Após a ação, a milícia ordenou que um ônibus fosse incendiado no bairro.

(Rafael Soares/Extra.Globo.com)

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