O Palácio do Planalto avalia que a operação da Polícia Federal desta quinta-feira (26), que prendeu amigos e assessores de longa data do presidente, representa a escalada do cerco político que asfixia o governo e uma ampliação das investigações contra Michel Temer.
Nas primeiras horas
da manhã, a PF prendeu o ex-assessor e amigo há mais de 50 anos de
Temer, o advogado José Yunes, além do ex-ministro da Agricultura Wagner
Rossi (MDB-SP) e do coronel João Baptista Lima Filho, muito próximo ao
presidente.
VIAGEM A VITÓRIA –
Apesar das notícias, Temer decidiu manter em sua agenda uma viagem a
Vitória (ES) para a inauguração do novo aeroporto da cidade. A previsão é
de que ele retorne a Brasília no início da tarde e se reúna com
assessores para definir se é possível traçar uma nova estratégia
política e jurídica diante dos acontecimentos.
O empresário
Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que atua no Porto de
Santos e é investigada por supostos benefícios concedidos pelo governo
Temer, também foi detido nesta quinta.
As prisões foram
autorizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal
Federal), relator do inquérito que investiga o presidente por suposto
recebimento de propina em troca de benefícios ao setor portuário.
OPERAÇÃO “ABSURDA” –
A primeira reação dos auxiliares de Temer foi classificar a operação de
“absurda” e analisá-la como uma forma de criar obstáculos para a
possível campanha à reeleição do presidente.
Nos últimos dois
meses, ele tem demonstrado disposição de disputar as eleições de
outubro, porém, pontua com apenas 1% das intenções de voto, segundo o
Datafolha.
Em um segundo
momento, conforme as confirmações dos nomes dos detidos chegavam ao
Planalto, ministros e assessores avaliaram que as investigações podem
ultrapassar o âmbito do decreto dos Portos, editado no ano passado pelo
governo, e alvo das apurações.
AMIGO YUNES –
Yunes é citado no inquérito sobre o decreto que investiga Temer, assim
como o ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures
(MDB-PR) e um sócio e um diretor da empresa Rodrimar.
O coronel João
Baptista Lima Filho também está citado, mas Wagner Rossi, por exemplo,
aparecia somente na primeira investigação sobre o caso.
O inquérito apura
se Temer praticou os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Editado em maio do ano passado, o decreto suspeito ampliou de 25 para 35
anos os prazos dos contratos de concessão e arrendamento de empresas
que atuam em portos e permitiu que eles possam ser prorrogados até o
limite de 70 anos.
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