O pleito de 2018 poderá ser diferente para os eleitores de Campo Grande
neste ano: além de escolher os seus candidatos, pode ser que a
população da cidade também tenha que votar sobre a mudança do nome
oficial do município. Campo Grande fica na região Oeste potiguar e, para
os órgãos da esfera federal, está registrada oficialmente com o nome de
Augusto Severo. A duplicidade gera problemas à administração municipal,
dificultando o recebimento de recursos da União.
Segundo conta Wagner Souza, vereador da cidade, o distrito foi criado
com a denominação de Campo Grande, pela resolução provincial nº 17, de
31 de outubro de 1837, subordinado ao município de Caraúbas.
O vereador afirma que, em setembro de 1858, a Lei provincial nº 114
transformou a localidade em cidade, ainda com o mesmo nome. “Interesses
políticos, entretanto, fizeram com que essa Lei fosse derrogada através
de outra lei provincial a de nº 601, de 05 de março de 1868, que
extinguiu a vila, passando Campo Grande à simples posição de distrito do
recém-criado município de Caraúbas”, conta.
Dois anos mais tarde, em maio de 1870, uma nova lei emancipara
novamente Campo Grande, agora com o nome de Triunfo. Triunfo que
atualmente já é outra cidade, Triunfo Potiguar, um desmembramento de
Campo Grande. A complicação não para por aí.
Augusto Severo
Esse desmembramento ocorreu em 1903, quando também começou a confusão
com a oficialização da nova nomenclatura. O então município de Triunfo
se dividiu em dois: Triunfo Potiguar e Augusto Severo. Este último seria
o que os moradores entendem como a região de Campo Grande. “A Lei
Estadual nº 197 originada do projeto do Deputado Luís Pereira Tito
Jácome, mudou o nome do município para Augusto Severo o elevando à
condição de cidade e sede do município”, explica Wagner Souza.
De acordo com o vereador, a sugestão do nome foi em homenagem ao amigo
do então deputado e inventor do dirigível PAX, o potiguar Augusto Severo
de Albuquerque Maranhão, natural de Macaíba. Mas o nome não caiu no
gosto da comunidade local. Para a população, a localidade nunca deixou
de ser Campo Grande.
Quase nove décadas depois, em 1991, através do Decreto Municipal nº
155, o município de Augusto Severo voltou a ser denominado com o seu
nome de batismo, Campo Grande. Aconteceu após a realização de um
plebiscito em que a população local optou pelo retorno do nome de
origem.
O problema está na realização deste plebiscito. De acordo com o que
explica o vereador Wagner Souza, o processo não é válido, porque foi
feito em âmbito municipal. Quem tem poder legal para realizar o
procedimento é a Assembleia Legislativa.
Foi o que gerou a duplicidade do nome. Wagner Souza diz que os órgãos
estaduais e municipais reconhecem o município pelo nome de Campo Grande.
Contudo para os órgãos da esfera federal é Augusto Severo. “Isso tem
gerado problemas para o município, inclusive atrapalhado no recebimento
de recursos federais. Tivemos problema até para receber os carros-pipa
operados pelo Exército”, relata o parlamentar.
Novo plebiscito
Em razão disso, os vereadores Vagner Souza e Nilson Júnior enviaram uma
Representação da Câmara Municipal de Campo Grande à Assembleia
Legislativa, reportando a necessidade de tentar sanar o problema que tem
gerado confusão e prejuízos ao município.
A AL aprovou à unanimidade o Projeto de Lei (PL) de autoria do deputado
Hermano Morais, que altera a toponímia de Augusto Severo para Campo
Grande. Depois disso, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio
Grande do Norte, desembargador Dilermando Mota Pereira, pediu ao
presidente do TSE a realização de um plebiscito durante as eleições de
2018, com o objetivo de dar fim a duplicidade nominal. O TRE agora
aguarda a autorização do TSE para a realização.
(Por G1 RN)
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