COBRANÇA
Diante da presidente Dilma Rousseff, do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, e de centenas de políticos e autoridades, o bispo Edir
Macedo causou uma saia justa durante uma oração-discurso na inauguração
do Templo de Salomão, o maior do Brasil, construído no Brás, centro de
São Paulo.
Para uma plateia de 10 mil pessoas, o chefe da Universal do Reino de
Deus liderou a parte final do culto, lendo uma passagem bíblica,
abençoando os fiéis e entoando uma oração que causou arrepio nas
autoridades políticas.
Momentos antes de concluir o evento de 2 horas e 15 minutos, Edir
Macedo abriu os braços, fechou os olhos e pediu a Deus “algo novo na
vida de suas criaturas”: “Porque o teu povo está cansado de sofrimento,
cansado de derrotas, de fracassos familiares, fracassos na saúde,
fracassos na segurança e em todos os sentidos. Não há paz, mas com o teu
espírito, meu Pai, nós caminhamos com a paz onde quer que nós formos.”
Além de Dilma e do governador paulista, a mistura de oração com
menções a dois dos setores mais criticados pela população em pleno ato
ano eleitoral foi ouvido por figuras como o vice-presidente Michel
Temer, o prefeito Fernando Haddad, os ministros dos Supremo Tribunal
Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Melo, além da
presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth
Rocha. Segunda a organização, também estiveram no templo os prefeitos de
12 capitais e ministros de estado, como o da Saúde e de Minas e
Energia.
Dilma e o culto
Depois de uma rápida passagem por um evento eleitoral em Guarulhos,
na Grande São Paulo, a presidente se apressou para mudar de figurino e
chegar na hora marcada para a inauguração da réplica do Templo de
Salomão.
Ainda em Guarulhos, durante evento promovido pela CUT (Central Única
dos Trabalhadores), Dilma quebrou o protocolo e falou antes até do
candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha. Ao concluir o seu
discurso, ela deixou o palco sem tirar fotos com os eleitores, fugiu da
coletiva de imprensa e entrou no carro – que em 20 minutos a fez chegar
no santuário.
Na igreja às 18h em ponto, a presidente foi encaminhada para a área
VIP, no décimo andar, onde, por uma hora, esteve com outras autoridades,
como seu vice Temer, o governador Alckmin, o prefeiro Haddad, os
ministros do STF e ministra do STM.
Foi tempo suficiente para mudar a maquiagem e trocar de terno, agora
preto com bordados em branco. Quando a autorização para deixar a área
VIP foi dada, a presidente e outras autoridades passaram pela primeira
saia justa, quando um apagão deixou às escuras parte do templo, o que
obrigou as autoridades subirem três lances de escada em completa
escuridão.
Apesar da tensão que tomou conta da organização, o incidente foi
resolvido em dez minutos e logo a presidente foi conduzida a um dos dez
mil lugares do santuário, na primeira fileira. Dilma foi colocada da
direita do bispo-chefe da igreja, Edir Macedo. Do outro lado,
posicionou-se Temer, seguido por Alckmin, sua mulher, Lu Alckmin, e o
deputado federal Alindo Chinaglia (PT), representando o Congresso
Nacional.
Se no evento da CUT tremulava a bandeira da Palestina, no Templo de
Salomão, a presidente se levantou para ouvir o hino de Israel, tocando
antes do Hino Nacional. Foi ao lado de Macedo que a presidente assistiu a
um resumo da história do templo, escutou a história de dois ex-viciados
em drogas e ouviu a canção de uma cantora israelita, enquanto fiéis
eram convidados a depositar seus pedidos em urnas em formato de pedras
preciosas.
Alguns fiéis que voltavam das urnas aproveitaram para cumprimentar
Dilma, que não foi vista depositando sua oração. Àquela altura, Macedo
se despediu da presidente e subiu ao altar.
Quando Macedo finalmente tomou a palavra e fez a já citada polêmica
oração, o clima de culto foi substituído pelo tom político. Macedo
imediatamente concluiu a reunião, prometendo uma coletiva ao lado da
presidente, que no final foi cancelada e não se concretizou.
Fonte: IG
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