quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Acidentes com motos lideram os atendimentos e cirurgias no Walfredo Gurgel. Maioria dos 20 casos registrados por dia no hospital são resultado de colisões frontais e ultrapassagens indevidas

PREOCUPANTE

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
Os acidentes envolvendo motociclistas são responsáveis por 86% dos 5.348 atendimentos de traumas em trânsito realizados pelo Hospital Walfredo Gurgel entre o período de 1º de maio a 20 de outubro deste ano. São mais de 20 casos registrados todos os dias no maior pronto-socorro de urgência e emergência do Estado e, para a direção da unidade, a realização de campanhas educativas e barreiras de fiscalização nas vias públicas são essenciais para diminuir essa estatística.

Segundo a diretora técnica do Walfredo Gurgel, Hélida Bezerra, as causas mais comuns dos acidentes com motociclistas são as colisões frontais com outras motos, com automóveis e as quedas, que provocam desde escoriações a ferimentos graves, como fraturas expostas e até o óbito. E as consequências e sequelas pós-acidente também são importantes para a vida dos acidentados.

“Muitos pacientes saem do hospital totalmente dependentes e impossibilitados de retomarem sua rotina de trabalho. Associado a isso, ainda há o custo social e o fator previdenciário, já que uma pessoa incapaz temporariamente de ter uma vida ativa terá de se aposentar e isso tem um custo para o estado e a união”, afirmou.

Para o cirurgião geral Rafael Rosas, o alto número de casos atendidos no hospital está relacionado também ao consumo de bebidas alcoólicas, o que é possível identificar logo que muitos acidentados dão entrada no setor de atendimento de trauma. “Isso mesmo após o endurecimento das punições impostas pela Lei Seca, que ajudou a diminuir o número de acidentes na Capital. Mas, principalmente nos finais de semana, o motociclista do interior geralmente chega com algum sinal de que havia bebido”, explicou.

As ultrapassagens indevidas e o desrespeito à sinalização de trânsito, situações comuns em todas as vias públicas, também são responsáveis por uma grande parte dos acidentes envolvendo moto no Rio Grande do Norte. Foi o que aconteceu com Francinaldo de Souza, atingido por um outro motociclista que teria invadido a contramão ao tentar ultrapassar um automóvel e acertado o agricultor, que seguia com a esposa por uma estrada carroçável.

“Eu seguia atrás de um veículo quando fui atingido em cheio por essa outra moto. Com o impacto, eu tive fratura exposta do fêmur e quebrei o pé esquerdo, perdendo também o dedão. Minha esposa, que estava atrás de mim, graças a Deus sofreu apenas ferimentos leves. Mas o outro acidentado está em coma em um hospital de Mossoró. Eu guio moto desde a minha adolescência e nunca tinha sofrido nenhum acidente”, afirmou.

Fraturas expostas
O agricultor Francisco Bandeira quebrou o tornozelo há cerca de dez dias, após bater contra outra motocicleta em uma estrada carroçável no município de Vera Cruz. Ele também sofreu fratura exposta, que costuma ocorrer bastante neste tipo de acidente, e foi socorrido imediatamente para o Walfredo Gurgel, onde passou por cirurgia e liberado na manhã desta quarta-feira (29).

“Foi um susto muito grande, mas ainda bem que não sofri mais nada grave. Eu seguia em uma estrada de calçamento quando fui surpreendido por outra motocicleta que surgiu do nada na minha frente. Não deu tempo de desviar e batemos de frente. Foi o primeiro acidente da minha vida, espero que o único. Fui socorrido rápido para cá e recebi alta médica hoje”, falou.

Quem também sofreu fratura exposta foi o tratador Leonardo Silva, que foi atingido por um automóvel enquanto esperava o momento de atravessar a BR-406 próximo a Macau, no Oeste potiguar. Ele disse que, apesar do acidente, não deixará de andar de motocicleta porque é o único meio de transporte que possui.
“Estava esperando os carros passarem para eu atravessar a rodovia, quando fui acertado por esse carro e fiquei estirado no acostamento. O motorista parou e me socorreu até a chegada do Samu, que me levou para Macau e depois, para Natal. Quando vi que o carro vinha para cima de mim, ainda tentei me proteger, pulando para fora da moto, mas não deu tempo. Mas estou vivo”, falou.

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