sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PF na Ecohouse: Lavagem, sonegação, crimes tributários e formação de quadrilha. Polícia apurou que somente no mercado de Cingapura foram lesados pelo grupo cerca de dois mil investidores, sendo que cada cota vendida naquele país equivalia a 46 mil dólares

A CASA CAIU...
Anthony Armstrong é o presidente da empresa Ecohouse. Foto: Divulgação
Anthony Armstrong é o presidente da empresa Ecohouse. Foto: Divulgação
Diego Hervani
Repórter

O grupo econômico que tem como mandante o inglês Anthony Armstrong, ex-presidente do Alecrim Futebol Clube, está sendo investigado pela Polícia Federal e Receita Federal por suspeitas de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, crimes tributários e formação de quadrilha. Nesta quinta-feira (30), foi deflagrada a “Operação Godfather”, na qual 10 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito somente em Natal, 1 em Pipa, município de Tibau do Sul, e outro em Fortaleza (CE).

As investigações tiveram início em agosto deste ano após informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras- COAF, de que havia um esquema de lavagem de dinheiro através do qual uma suposta quadrilha com sede na capital potiguar, captava recursos de particulares no exterior com promessa de ganhos na ordem de 12 a 20% ao ano, sendo que o investimento nunca era repassado para esses investidores. A PF apurou que somente no mercado de Cingapura foram lesados pelo grupo cerca de 2 mil investidores, sendo que cada cota vendida naquele país equivalia a 46 mil dólares.

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“Esse grupo econômico se instalou no Rio Grande do Norte em 2009. O COAF passou para a Receita documentos nos quais eles suspeitavam do esquema, pela constante movimentação que era feita por essa empresa. Durante esse tempo eles movimentaram cerca de R$ 150 milhões em todo o Brasil. Também temos informações de que um grupo está fazendo a mesma coisa na Itália, mas não podemos confirmar de que se trata do mesmo grupo”, explicou o delegado Rubens França, delegado da PF.

Nesta operação, a PF utilizou 50 policiais e contou ainda com a participação de 12 fiscais da Receita. Um dos locais “visitados” pela PF foi a empresa Ecohouse, que é de propriedade do inglês Anthony Armstrong, ex-presidente do Alecrim. O nome “Godfather” é uma alusão exatamente a ele, que é o principal investigado e presidente do grupo e que foi apelidado pela imprensa potiguar de “O Poderoso Chefão” na época que era presidente do Alecrim e mantinha uma relação “dura” com os jornalistas. Em um episódio ele barrou a entrada da imprensa no Ninho do Periquito, alegando que estava “disciplinando os jornalistas”. Armstrong também é proprietário de um time na Itália, o Monza.

Segundo o delegado Rubens França, apesar de ninguém ainda ter sido preso, a PF tem provas suficientes para indiciar os mandatários do grupo. “São três pessoas que comandam o grupo, apesar do grupo ter diversos laranjas. Nós pedimos a prisão dos três, mas o mandado de prisão não foi expedido pela Justiça. Quando nós pedimos os mandados, significa que temos provas suficientes para indiciar essas pessoas. Agora, com os documentos apreendidos, nós queremos conseguir ainda mais informações para apresentar um caso ainda mais consistente”.

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Já Marcos Hubner Flores, delegado da Receita Federal, informou que o grupo também pode ter adquirido imóveis de forma irregular. “Também fizemos o sequestro dos bens físicos e econômicos desse grupo econômico. Existem indícios de que eles fizeram compras irregulares de alguns imóveis. Temos essa documentação apreendida e vamos analisar os gastos desse grupo”.

Por fim, Rubens França disse acreditar que novos crimes cometidos por esse grupo econômico possam aparecer nos próximos dias. “Esse grupo trabalhava na área da construção e fez negócios com muitas pessoas. Com esses documentos, acreditamos que vamos encontrar várias outras situações. Também esperamos que pessoas que fizeram negócio com esse grupo e ainda não receberam, possam aparecer para termos uma denúncia com mais acusações”.

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