POLÍTICA
As urnas em 2014 reforçaram uma divisão
antiga, que não é exatamente regional ou social. A eleição consolidou PT
e PSDB como polos estruturais do sistema político brasileiro,
protagonistas pela sexta vez consecutiva de uma eleição presidencial,
demonstrando a inviabilidade, pelo menos até agora, de uma terceira via.
A conclusão é de cientistas políticos que participaram ontem de uma
mesa-redonda sobre a geografia do voto, no segundo dia do Encontro Anual
da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
(Anpocs), em Caxambu (MG).
Para André Borges, professor do
Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), a
polarização de 20 anos mostra que ainda não existe um partido capaz de
quebrar essa estrutura, como pregou Marina Silva (PSB) no primeiro
turno, embora o Brasil conte mais de 30 legendas. PT e PSDB, segundo
ele, são os únicos que conseguem conciliar atuação regional forte, com
protagonismo e máquinas eleitorais bem distribuídas entre estados e
municípios, coordenando essas forças em torno de uma orientação comum: a
candidatura presidencial.
Sonia Terron, coordenadora do grupo de
análise espacial da Associação Latino-americana de Ciência Política,
explicou que a polarização entre PT e PSDB se reflete no perfil
socioeconômico mais atingido pelas políticas públicas do governo, mas
isso não significa exatamente uma divisão eleitoral entre ricos e pobres
ou entre Norte e Sul. A pesquisa dela mostra que há manchas de
predominância do PT no Norte e Nordeste, assim como o PSDB parece se
consolidar nas outras regiões, mas isso não significa que onde Aécio
venceu Dilma não foi bem votada. E vice-versa.
A pesquisadora explicou que a maior
concentração de beneficiários do Bolsa Família no Nordeste favorece a
liderança de Dilma na região, mas lembra que não são apenas os
diretamente atingidos pela política que votam na situação.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário