MAQUIAVEL
Jerjes Justiniano, embaixador da Bolívia no Brasil, e Evo Morales, presidente da Bolívia
(Freddy Zarco/VEJA)
Em 2012, Jerjes Justiniano assumiu o posto de embaixador da Bolívia
no Brasil trazendo um estranho item na pauta de exportação de seu
governo: a intimidação dos meios de comunicação. VEJA havia acabado de
revelar os vínculos do narcotráfico com integrantes do governo boliviano
e com pessoas próximas ao presidente Evo Morales ("A república da cocaína",
de 11 julho de 2012). Apesar de não ter formação de diplomata,
Justiniano já desembarcou com pleno domínio da linguagem estudada e
cheia de reticências que caracteriza as relações exteriores: disse que
pretendia "meter a mão" em VEJA. Para isso, faria gestões junto ao
Itamaraty para obrigá-la a se retratar — acreditando, ao que parece, que
liberdade de imprensa não é um direito democrático, mas um favor
concedido pelo poder. Ameaçava também processar a revista. Não se sabe
se Justiniano continua importunando o Itamaraty. Nesta terça-feira,
contudo, o embaixador anunciou ter renunciado ao propósito de levar VEJA
à Justiça. A decisão, disse ele, foi respaldada pelo presidente
Morales. Justiniano deu duas justificativas. Primeiro, os preços dos
serviços legais no Brasil o deixaram estarrecido. Um escritório de
advocacia teria querido cobrar 500 000 dólares. O mais barateiro, 200
000. Também lhe disseram que seria impossível ganhar a ação.
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