sábado, 21 de fevereiro de 2015

Cirurgia bariátrica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Especialistas em cirurgias de aparelho digestivo comemoram decisão

RECONHECIMENTO

TFTHF
Utilizada há aproximadamente 15 anos no Brasil, a cirurgia bariátrica foi reconhecida neste mês como área de atuação pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A notícia agradou aos profissionais de saúde ligados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que passou anos lutando para isso e pode significar melhorias para a especialidade. Conforme dados da pesquisa divulgados recentemente pela entidade, há cerca de 25 milhões de obesos no Brasil e são feitos 60 mil procedimentos anuais no país.
Segundo o especialista Reynaldo Quinino, o reconhecimento da habilitação como área de atuação 

representa uma vitória importante para a categoria médica especialista em cirurgias de aparelho digestivo. Para ele, a expectativa é que isso favoreça o aumento do número de centros de formação no campo, assim como o de profissionais especializados no assunto e a conseqüente melhoria da qualidade dos procedimentos.

“Estamos lutando há muitos anos para isso e quando soubemos do reconhecimento, ficamos muito felizes e satisfeitos, principalmente porque, a partir de agora, os pacientes terão uma segurança maior para se submeterem à cirurgia. Esperamos que, com isso, surjam mais centros de formação para profissionais e que se melhore bastante a qualidade dos serviços oferecidos, para beneficiar a parcela da população que necessita de uma intervenção desse porte”, afirmou.

Ele, que já realizou mais de 1,1 mil cirurgias bariátricas em 12 anos de atuação na área, comentou também que, com o aumento da qualificação profissional, é possível uma redução dos riscos naturais relacionados ao procedimento. Entre eles, o especialista citou a taxa de mortalidade, que hoje é de um caso para cada grupo de mil cirurgiados, e o de taxa de complicação, que gira em torno de 0,5%.

“São riscos semelhantes às cirurgias de vesícula, por exemplo. Por ser uma técnica invasiva e agressiva ao organismo humano, sobretudo a técnica By-pass, que consiste no corte e emenda do estômago e intestino, há riscos inerentes, mas os benefícios são imensos. Entre eles, a redução de 15% do peso corporal em um período de apenas dois meses após o procedimento. Mas, para isso, é preciso seguir o acompanhamento médico que é necessário por toda ávida, após a operação”, explicou.

Neste, o paciente recebe, sobretudo, atendimento psicológico e nutricional, já que sempre há o risco deste estar incluído nos 5% dos operados que não conseguem sucesso ou que acabam recuperando metade ou todo o peso que tinha antes de se submeter à cirurgia. Segundo Reynaldo, quando isso acontece, é chamado de mau resultado.

Indicações
Para ser submetido ao procedimento, o paciente precisa preencher requisitos como possuir Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 35 e sofrer doenças relacionadas à obesidade, como hipertensão arterial e diabetes. No entanto, aqueles que tiverem o IMC igual ou superior a 40, chamados obesos mórbidos, não precisam apresentar nenhum outro problema de saúde para receber a indicação.

“Neste caso em específico, somente o índice já é a indicação, porque sabemos que uma pessoa assim possui diversos problemas de saúde relacionados e a cirurgia pode ser a única coisa que realmente surta efeito para ela. Entretanto, é preciso um acompanhamento médico bastante criterioso e seguro, além de estar na faixa dos 16 aos 65 anos de idade recomendado para o procedimento”, afirmou.

Reynaldo explicou que o limite de idade é importante e não deve ser ignorado de forma alguma. Isso porque, antes dos 16 anos, o indivíduo ainda está em formação e qualquer procedimento cirúrgico pode interferir de forma negativa no crescimento e amadurecimento do organismo. Já para as pessoas acima de 65 anos correm os riscos inerentes a qualquer operação.

Ele disse que é certo que os riscos atuais são muito menores que há 15 anos, quando a bariátrica foi introduzida no país, principalmente os relacionados à anestesia geral; à própria obesidade, como embolia pulmonar e ao procedimento cirúrgico, já que é uma cirurgia abdominal de grande porte. Mas, hoje, com as novas tecnologias e às novas formas de se fazer a operação mudou, os riscos também mudaram e ficaram menores.

“Apesar da By-pass ser bastante usada no Brasil, há uma nova técnica em uso, e que é a mais utilizada hoje nos Estados Unidos, por exemplo. É a Sleeve, que consiste em diminuir o estômago e não mexer no intestino, sendo, portanto, menos agressiva ao organismo humano. Mas, acreditamos que, em pouco tempo, possamos alcançar a excelência no procedimento, ainda mais agora com a bariátrica reconhecida como uma área de atuação”, disse.

O que é obesidade mórbida
A pesquisa realizada pela SBCBM, divulgada no início deste mês, revelou que ainda é grande o desconhecimento sobre a obesidade e os seus graus. Conforme os dados, mais de 50% dos entrevistados não sabiam o que era obesidade mórbida e a gravidade do problema. No estudo, o conceito de obesidade mórbida é aquele em que o excesso de peso causa efeitos negativos para a saúde, como diabetes, pressão alta, derrames, artrites, varizes, infertilidade, além de problemas de ordem social, as “doenças da alma”.

O IMC, que é calculado pela divisão do peso em quilos pela altura, em metros, ao quadrado, é o indicativo de obesidade mais usado mundialmente, mas não o único. Conforme o coordenador da pesquisa, Luiz Vicente Berti, o IMC mede a superfície corporal e é dividido por níveis. Assim, quando a divisão dá até 25, aponta peso normal; entre 25 e 30, sobrepeso; entre 30 e 35, obesidade grau 1;, entre 35 e 40, grau 2, e acima de 40, obesidade mórbida clássica.

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