sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Praia de Pirangi tem esgoto sendo lançado ao mar em três pontos. Em meio ao Carnaval, situação da orla ficou ainda mais crítica com aumento de banhistas

DESCASO
 
Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir

Roberto Campello
Repórter

O carnaval já passou e, aos poucos, os veranistas estão voltando a velha rotina, mas o problema na praia de Pirangi, litoral Sul do Estado, uma das mais badaladas do Rio Grande do Norte, permanece. Em pouco mais de 200 metros de extensão da orla da praia é possível encontrar, pelo menos, três pontos distintos com lama e esgoto a céu aberto que deságua no mar. Durante o período do carnaval foi ainda mais crítica em função dos banheiros químicos instalados na cidade e que jogavam os resíduos nos bueiros que desaguavam na beira-mar.

Na manhã desta quinta-feira (19) a situação estava mais tranquila. Nos três pontos havia pouco volume de água sendo lançado na praia. O aposentado Romildo Souza, 68 anos, tem uma barraca na beira da praia de Pirangi, a poucos metros de um dos pontos de água servida lançada no mar. Ele conta que o problema é antigo e é obrigado a conviver diariamente com a fedentina e os problemas causados pelo esgoto a céu aberto.

“Isso já faz parte da rotina de quem mora ou vive aqui. Infelizmente, é uma realidade de anos, mas ninguém faz nada. Aqui não tem prefeito, a situação é de completo abandono e ninguém toma de conta. Essa situação afasta o turista e deixa, cada vez mais, o veranista desgostoso”, desabafa o aposentado Romildo Souza.

Na rua Antônio Patrício da Costa, próximo a Praça São Sebastião, a situação ficou mais complicada nos últimos dias. Segundo o comerciante Jansen Mesquita, foram instalados mais de 30 banheiros químicos só nesta rua e quando a empresa vinha fazer a limpeza jogavam os dejetos na rede de drenagem. “E toda a urina, fezes, ia bater na praia. Teve dias que a situação estava insustentável com o odor. Desse jeito é impossível ter uma praia atrativa”, afirma.

A reportagem d’O Jornal de Hoje tentou falar com o secretário de Obras Públicas de Parnamirim, Naur Ferreira, mas ele não atendeu as ligações. A assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Parnamirim, responsável pela praia de Pirangi, havia explicado que a responsabilidade pelo problema era da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern).

A Assessoria de imprensa da Caern explicou que existe uma rede e estação de tratamento de esgoto pronta para atender as regiões de Pirangi, Pium e Cotovelo, mas que não está em funcionamento devido uma ação do Ministério Público Estadual. O MPE pediu um estudo complementar para o funcionamento da Estação, uma vez que a água tratada é lançada no Rio Pium. Diante disso, a Caern contratou o estudo de autodepuração, realizado pela Acquatool Consultoria, que deve ser concluído até o final deste mês. Após a conclusão, o estudo será encaminhado ao Idema que analisará e liberará a licença ambiental para funcionamento da Estação de Tratamento.

Em relação a situação dos pontos de esgoto a céu aberto, a assessoria da Caern explicou que como a rede de esgoto não está em funcionamento, a população, muitas vezes, faz ligações clandestinas na rede de drenagem da prefeitura, que são feitas para receber apenas águas pluviais. Com o aumento da demanda, por conta das ligações indevidas, é comum a rede de drenagem estourar e lançar o excedente para fora, no caso, na praia de Pirangi.

No último sábado (14), em pleno carnaval, a reportagem esteve na praia e constatou o problema e a revolta dos banhistas. O ex-vereador de Parnamirim, Sérgio Andrade, disse que já solicitou, por meio de ofício, providência para o problema de diversos órgãos, como Prefeitura de Parnamirim, Idema e Ministério Público Estadual e Federal, mas que nada foi feito.

“Essa situação não é pontual. Há vários pontos que encontramos esgoto a céu aberto jogando água suja e lama no mar. Já cobramos uma solução, mas ninguém faz nada. Passamos o veraneio todo aqui e não foi feito nada. Isso só faz afastar o turista e o veranista que não quer vir para a praia e ter que conviver com essa fedentina. isso aqui é o retrato do abandono do poder público”, afirma o ex-vereador.

A comerciante Armanda Cardozo, que trabalha na região há mais de cinco anos, conta que os próprios comerciantes improvisam barreiras e “maquiagem” para evitar os transtornos e a redução nas vendas. “Quando tem um grande volume de água, ai a situação é bem pior. Ninguém consegue ficar sentado por perto, pois o fedor é grande. A situação é tão crítica que hoje, esse odor é agradável”, lamenta a comerciante Armanda Cardozo.

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