quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Codern suspende licitação para ampliação do Porto de Natal

CODERN
 
Sem dinheiro para as obras de ampliação do Porto de Natal, devido à crise financeira enfrentada pela União que reduziu  investimentos em infraestrutura em todo o país, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) vai priorizar em 2016 a construção das defensas – as proteções metálicas – dos pilares da Ponte Newton Navarro. A construção das estruturas deverá custar R$ 80 milhões. 
 
A Codern, sem a garantia de repasses pela Secretaria dos Portos (SEP), órgão vinculado à Presidência da República, cancelou, no final do ano passado, a licitação para ampliar o berço 04 do terminal portuário, com orçamento previsto em R$ 190 milhões.
 
Segundo o presidente da Codern, Emerson Fernandes, que reuniu ontem a imprensa para detalhar as movimentações nos Portos de Natal e de Areia Branca em 2015, a expectativa é de que Secretaria Nacional dos Portos possa liberar ainda este ano o dinheiro para a construção das defensas da ponte. “Esta é nossa expectativa. Nós não temos como garantir este recurso. Não tivemos liberações em 2015, mas aguardamos que isso seja diferente este ano”, analisa.
 
A direção da Companhia Docas potiguar já enviou requerimentos para reuniões com a direção da Secretaria de Portos, em Brasília. Emerson Fernandes espera ser recebido pelo novo titular da pasta, Helder Barbalho, que assumiu no fim de outubro do ano passado o lugar do exonerado Edinho Araújo. “A Secretaria [dos Portos] tem um novo ministro. Ele está se inteirando da situação para nos receber”, detalha.
 
A Codern também já iniciou o trabalho de levantamento dos preços das peças para a montagem das defensas. A última análise feita pela entidade ocorreu em 2014. Com a alta do dólar, boa parte do material deve sofrer reajustes. Isso porque as placas metálicas de proteção dos pilares da Ponte Newton Navarro só podem ser encontradas fora do Brasil. 
 
No último levantamento feito, quando o projeto das defensas foi associado às obras de ampliação do Porto de Natal, em outubro de 2014, o preço avaliado era de R$ 80 milhões, enquanto  o aumento da retroárea do porto estava avaliado em R$ 190 milhões. 
 
A construção das defensas é essencial para a ampliação dos serviços do terminal portuário. É uma medida preventiva que impede o contato das embarcações com as estruturas fixas da ponte. Sem as proteções dos pilares, a Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte limita a navegação entre 6h e 18h. A justificativa é a segurança da estrutura sobre o Rio Potengi.  “Não podemos receber barcos durante a noite, e isso atrapalha nosso crescimento”, reforça Fernandes.
 
O diretor técnico-comercial da Codern, Hanna Safieh, explicou que a construção das defensas não é de responsabilidade da autarquia. “Não é nosso dever construir. No entanto, a falta destas estruturas dificulta toda a nossa operação”, salienta. Construída em 2007, pelo Governo do Rio Grande do Norte, a estrutura foi inaugurada sem as proteções dos pilares de sustentação. “Passaram por vários governos, mas nada foi feito. Decidimos assumir o serviço. No entanto, agora sofremos com a falta de recursos da União”, lamentaSafieh. 
 
Área de favela vai dar lugar a armazenamento
 
A Codern espera reiniciar este ano o processo de licitação das obras de construção do berço 04 do Porto de Natal. O plano foi cancelado no fim de 2015 em meio à crise financeira enfrentada pela União. “O governo federal alegou não ter recursos para bancar a obra. Tivemos de cancelar o processo licitatório, aponta Emerson Fernandes. A primeira licitação da ampliação foi iniciada em 2013 mas foi cancelada pelo Tribunal de Contas da União e retomada em maio de 2015.
 
O serviço de ampliação estava orçado em R$ 270 milhões para execução em três anos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O valor agrega as obras das proteções dos pilares da ponte Newton Navarro. Como o processo retornou à estaca zero, a Codern espera uma sinalização positiva da Secretaria dos Portos para retomar a licitação. “Com isso, nossa estimativa é de que a construção seja retomada em 2017”, detalha.
 
O Porto de Natal conta, hoje, com três berços – dois com pouco mais de 200 metros e um com 140. A instalação de um novo cais, previsto para medir 220 metros e alinhado com o berço 3, possibilitaria uma área total de 360 metros para ancoragem, o que comporta cargueiros de grande porte. 
 
A obra vai contar com uma nova sede para a colônia de pescadores do Canto do Mangue, já que eles serão relocados. A melhoria abre espaço para cabotagem (navegação) de embarcações com até 70 mil toneladas de porte bruto (Tpb).
 
Apesar do cancelamento da licitação, a Codern terá à disposição, a partir de abril, uma área de sete mil quadrados. O espaço, que ainda é ocupado pela Comunidade do Maruim, será transformado em novo local para armazenagem. Os moradores da comunidade serão remanejados para o condomínio Residencial Maruim, no bairro da Ribeira, também na zona Leste.
 
Além de aumentar a área armazenamento, a Codern espera receber a autorização para utilizar o píer desativado pela Petrobras – que fica vizinho ao Porto de Natal. O local está fechado desde 31 de dezembro de 2012, com o encerramento das atividades de armazenagem de combustíveis no bairro de Santos Reis, Zona Leste de Natal. A operação foi transferida para o terminal em Guamaré, no litoral norte do RN. “Queremos utilizar a estrutura enquanto não conseguimos realizar a obra de ampliação do porto”, detalha Fernandes.
 
O terreno do píer pertence à Força Aérea Brasileira, mas está sob a responsabilidade da Superintendência do Patrimônio da União (SPU). “Esperamos agendar uma reunião com a Aeronáutica e o Patrimônio da União em pouco tempo. É uma estrutura que pode nos ajudar bastante”, relata. O “dolphin” – estrutura de atracação metálica – da Petrobras será utilizado para embarque da produção de sal do município de Galinhos. “Somente em 2015 foram transportados mais de 20 mil toneladas”, comenta. 
 

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