O rapto dos três adolescentes em conflito com a lei ocorrido
dentro de um Centro de Internação para Adolescentes Infratores (Ciad) na
madrugada de ontem pode ter relação com a briga entre facções
organizadas. Educadores do Ciad afirmam que o comportamento dos homens
que invadiram a unidade e raptaram os internos não era amistoso, e que
os três podem ter sido levados para execução.
“Acho que levaram para matar”, disse um educador, que preferiu não revelar a identidade. De acordo com ele, o colega que presenciou a ação disse que os três homens que invadiram o Centro de Internação a todo tempo xingavam e “chamavam palavrão” com os menores, os agredindo verbalmente.
“Eles gritavam ‘aqui é PCC, aqui é PCC’ e os três menores eram do Sindicato RN”, relatou o mesmo educador. A fala dos raptores, de acordo com o que contou o servidor, sugere que eles são integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC, facção criminosa que atua dentro e fora das penitenciárias do Rio Grande do Norte e demais estados do país.
O “Sindicato RN” a que se refere o educador é o Sindicado do Crime do RN, facção rival do PCC, que também atua nas mesmas áreas, no território potiguar.
De acordo com a Polícia Civil, os três adolescentes raptados têm 17 anos de idade e todos eles haviam sido apreendidos pelo crime de assalto. O educador entrevistado pelo NOVO informou que todos foram encaminhados para o Ciad há, aproximadamente, uma semana.
Eles estavam em um setor do Centro de Internação que funciona como uma espécie triagem, o chamado Pronto Atendimento. Os adolescentes que são apreendidos ficam lá até que seja definido onde eles cumprirão as medidas judiciais, e quais serão essas medidas determinadas pela Justiça.
A coordenadora do Ciad, Lilian Negreiros, confirmou parte da história dos educadores. Segundo ela, os homens que invadiram o Centro de Internação foram, sim, agressivos com os adolescentes. Lilian disse ainda que havia sete menores apreendidos no Pronto Atendimento quando aconteceu a incursão criminosa, apesar de só três terem sido levados.
Ainda de acordo com a coordenadora, os suspeitos perguntaram aos garotos quem era a favor e quem era contra o Primeiro Comando da Capital. “Não entendi se os que foram levados eram contra ou a favor”, acrescentou.
Lilian Negreiros afirmou ainda que o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), os juízes competentes e os familiares dos adolescentes raptados foram informados do ocorrido logo que a ocorrência foi registrada pela equipe.
Questionada sobre a possibilidade de eles terem sido sequestrados para serem executados por rivais, a coordenadora respondeu que prefere aguardar as investigações para falar sobre o caso.
Até o fechamento desta edição, nem os suspeitos do rapto foram presos, nem os três adolescentes encontrados.
A invasão
Três homens invadiram o prédio do Centro de Internação na madrugada de ontem. De acordo com o que informou Lilian Negreiros, um quarto suspeito ficou do lado de fora dando segurança à ação.
O trio arrombou o cadeado da Delegacia Especializada de Adolescentes (DEA), que fica ao lado do Ciad, e pulou o muro, caindo já próximo ao Pronto Atendimento.
Lá chegando, eles renderam os educadores que estavam de plantão e abordaram os menores. Os homens ainda deram uma coronhada na cabeça de um dos servidores, que depois de ser socorrido ao hospital precisou de sutura com sete pontos para fechar o ferimento. Somente um policial militar faz guarda do prédio durante a noite.
Os educadores relataram que os homens portavam armas longas, algo que se assemelhasse a espingardas artesanais.
Ainda de acordo com o que informou a coordenadoria do Centro, depois de xingarem e agredirem verbalmente os internos, eles elencaram os três que lhes interessavam e fugiram levando-os.
Além de raptar os adolescentes, os suspeitos roubaram um notebook de um dos funcionários e o celular de outro.
A polícia foi acionada e realizou diligências para tentar encontrá-los, contudo ninguém foi detido. Durante a manhã de ontem, algumas viaturas policiais estavam no Ciosp.
Quando a reportagem do NOVO esteve por lá, a coordenadora Lilian Negreiros, segundo informou a secretária do prédio na recepção, estava reunida com policiais para analisar as imagens obtidas nas câmeras de segurança. As filmagens serão usadas na investigação que deve apontar quem são os homens que invadiram o Centro de Internação.
PCC x Sindicato do Crime
As duas facções do crime organizado que atuam, sabidamente, no Rio Grande do Norte são o Primeiro Comando da Capital (PCC), originária de São Paulo, e o Sindicato do Crime RN, organização potiguar.
Ambas possuem organização dentro e fora das cadeias, e comandam os atos de violência Rio Grande do Norte afora.
O embate entre os dois lados da criminalidade, que vem recrutando os jovens norte-rio-grandenses, ganhou mais notoriedade no ano passado, depois dos assassinatos ocorridos dentro dos estabelecimentos prisionais do Estado. A série de quase 30 homicídios registrados nas penitenciárias em 2015 chamou a atenção do Poder Público e fez com que o Executivo, pela primeira vez, reconhecesse a sua presença no RN.
A suspeita dos educadores de que os adolescentes raptados serão executados pelos suspeitos que os tiraram de dentro do Ceduc tem a mesma fundamentação que as mortes ocorridas nos presídios.
A briga entre as duas facções, de acordo com o que observaram eles, está além dos muros das unidades de detenção e atinge, inclusive, os mais jovens, adolescentes que cometem atos infracionais.
por: Rafael Barbosa / NOVO
“Acho que levaram para matar”, disse um educador, que preferiu não revelar a identidade. De acordo com ele, o colega que presenciou a ação disse que os três homens que invadiram o Centro de Internação a todo tempo xingavam e “chamavam palavrão” com os menores, os agredindo verbalmente.
“Eles gritavam ‘aqui é PCC, aqui é PCC’ e os três menores eram do Sindicato RN”, relatou o mesmo educador. A fala dos raptores, de acordo com o que contou o servidor, sugere que eles são integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC, facção criminosa que atua dentro e fora das penitenciárias do Rio Grande do Norte e demais estados do país.
O “Sindicato RN” a que se refere o educador é o Sindicado do Crime do RN, facção rival do PCC, que também atua nas mesmas áreas, no território potiguar.
De acordo com a Polícia Civil, os três adolescentes raptados têm 17 anos de idade e todos eles haviam sido apreendidos pelo crime de assalto. O educador entrevistado pelo NOVO informou que todos foram encaminhados para o Ciad há, aproximadamente, uma semana.
Eles estavam em um setor do Centro de Internação que funciona como uma espécie triagem, o chamado Pronto Atendimento. Os adolescentes que são apreendidos ficam lá até que seja definido onde eles cumprirão as medidas judiciais, e quais serão essas medidas determinadas pela Justiça.
A coordenadora do Ciad, Lilian Negreiros, confirmou parte da história dos educadores. Segundo ela, os homens que invadiram o Centro de Internação foram, sim, agressivos com os adolescentes. Lilian disse ainda que havia sete menores apreendidos no Pronto Atendimento quando aconteceu a incursão criminosa, apesar de só três terem sido levados.
Ainda de acordo com a coordenadora, os suspeitos perguntaram aos garotos quem era a favor e quem era contra o Primeiro Comando da Capital. “Não entendi se os que foram levados eram contra ou a favor”, acrescentou.
Lilian Negreiros afirmou ainda que o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), os juízes competentes e os familiares dos adolescentes raptados foram informados do ocorrido logo que a ocorrência foi registrada pela equipe.
Questionada sobre a possibilidade de eles terem sido sequestrados para serem executados por rivais, a coordenadora respondeu que prefere aguardar as investigações para falar sobre o caso.
Até o fechamento desta edição, nem os suspeitos do rapto foram presos, nem os três adolescentes encontrados.
A invasão
Três homens invadiram o prédio do Centro de Internação na madrugada de ontem. De acordo com o que informou Lilian Negreiros, um quarto suspeito ficou do lado de fora dando segurança à ação.
O trio arrombou o cadeado da Delegacia Especializada de Adolescentes (DEA), que fica ao lado do Ciad, e pulou o muro, caindo já próximo ao Pronto Atendimento.
Lá chegando, eles renderam os educadores que estavam de plantão e abordaram os menores. Os homens ainda deram uma coronhada na cabeça de um dos servidores, que depois de ser socorrido ao hospital precisou de sutura com sete pontos para fechar o ferimento. Somente um policial militar faz guarda do prédio durante a noite.
Os educadores relataram que os homens portavam armas longas, algo que se assemelhasse a espingardas artesanais.
Ainda de acordo com o que informou a coordenadoria do Centro, depois de xingarem e agredirem verbalmente os internos, eles elencaram os três que lhes interessavam e fugiram levando-os.
Além de raptar os adolescentes, os suspeitos roubaram um notebook de um dos funcionários e o celular de outro.
A polícia foi acionada e realizou diligências para tentar encontrá-los, contudo ninguém foi detido. Durante a manhã de ontem, algumas viaturas policiais estavam no Ciosp.
Quando a reportagem do NOVO esteve por lá, a coordenadora Lilian Negreiros, segundo informou a secretária do prédio na recepção, estava reunida com policiais para analisar as imagens obtidas nas câmeras de segurança. As filmagens serão usadas na investigação que deve apontar quem são os homens que invadiram o Centro de Internação.
PCC x Sindicato do Crime
As duas facções do crime organizado que atuam, sabidamente, no Rio Grande do Norte são o Primeiro Comando da Capital (PCC), originária de São Paulo, e o Sindicato do Crime RN, organização potiguar.
Ambas possuem organização dentro e fora das cadeias, e comandam os atos de violência Rio Grande do Norte afora.
O embate entre os dois lados da criminalidade, que vem recrutando os jovens norte-rio-grandenses, ganhou mais notoriedade no ano passado, depois dos assassinatos ocorridos dentro dos estabelecimentos prisionais do Estado. A série de quase 30 homicídios registrados nas penitenciárias em 2015 chamou a atenção do Poder Público e fez com que o Executivo, pela primeira vez, reconhecesse a sua presença no RN.
A suspeita dos educadores de que os adolescentes raptados serão executados pelos suspeitos que os tiraram de dentro do Ceduc tem a mesma fundamentação que as mortes ocorridas nos presídios.
A briga entre as duas facções, de acordo com o que observaram eles, está além dos muros das unidades de detenção e atinge, inclusive, os mais jovens, adolescentes que cometem atos infracionais.
por: Rafael Barbosa / NOVO
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