terça-feira, 1 de março de 2016

Grande Natal enfrenta onda de arrastões

ARRASTÕES
A sensação de insegurança da população de Natal e Região Metropolitana tem crescido após os recorrentes casos de arrastões a residências registrados nestes primeiros dois meses do ano. No final de semana passado, houve ocorrências em Parnamirim, Macaíba e na Zona Sul da capital.
 
O NOVO não conseguiu obter a quantidade exata de casos desta natureza ocorridos em 2016. No entanto é possível perceber a recorrência dos arrastões através dos relatos das vítimas.
 
// Rua das Nogueiras, no Conjunto Cidade Satélite, Zona Sul de Natal, registrou diversos casos de violência nas últimas semanas
 
No fim de semana passado, por exemplo, na noite da sexta-feira, uma granja localizada em Macaíba foi o alvo desse tipo de atuação criminosa. O local pertence a um grupo de missionários norte-americanos religiosos e fica na comunidade rural de Pé do Galo.
 
Segundo a Polícia Militar, os estrangeiros foram rendidos e amarrados durante o arrastão. Os criminosos recolheram os pertences das vítimas e fugiram. Ainda de acordo com a PM, a quadrilha era formada por cinco assaltantes, todos armados com pistolas e escopetas.
 
No dia seguinte, o sábado, foi a vez de Natal. Um grupo de cinco homens invadiu uma residência na Rua das Nogueiras, no Conjunto Cidade Satélite, Zona Sul, e levou dinheiro e documentos do carro dos proprietários do imóvel. O NOVO esteve no local, mas não havia ninguém na casa. Um vizinho contou à reportagem como aconteceu a ação. De acordo com o chefe de cozinha José Pereira, que há 30 anos mora na localidade, o crime aconteceu por volta das 18h. “Na boca da noite”, disse.
 
Segundo ele, os vizinhos relataram que os assaltantes levaram R$ 600 em dinheiro e o documento do veículo. “Aqui está um caso sério”, reclamou.
 
A rua é a mesma da casa da jornalista Marina Cardoso, analista de redes sociais do NOVO que sofreu arrastão no dia 15 de fevereiro. Na ocasião, os bandidos invadiram a casa pelo portão da frente. Eles renderam as seis pessoas que estavam na residência, trancaram todos no banheiro e levaram um carro, joias, eletrodomésticos, computador, máquina fotográfica e pelo menos R$ 1 mil em espécie.
 
Francisco Cabral, que é morador do bairro e diretor da Associação de Moradores da Cidade Satélite (Amocisa), afirma que, na Rua das Nogueiras, a situação piorou depois que uma unidade do batalhão da PM responsável pelo patrulhamento no conjunto foi desativada.
 
A 2ª Companhia do 5º Batalhão de Polícia Militar funcionava a três casas de onde ocorreu o arrastão do sábado passado, e quase em frente ao imóvel onde mora a jornalista Marina e sua família. “Faz dois anos que não funciona mais. Serve de ponto de apoio. Ás vezes eles vêm aqui, trocam de roupa para sair, ou até encostam as viaturas para dormir” relata Cabral.
 
O diretor da Associação disse que há um mês a Amocisa realizou um protesto na rotatória que fica entre as avenidas Xavantes e Prudente de Moraes, porém pouca gente compareceu ao ato, que pedia por mais segurança para o bairro.
 
Cabral também informou que a direção da associação de moradores terá uma audiência com a secretária titular da Sesed, Kalina Leite, na próxima sexta, para tentar pleitear melhorias ao bairro.
 
Enquanto isso, os próprios membros da comunidade estão se mobilizando na tentativa de se proteger da violência. De acordo com José Pereira, os vizinhos têm se reunido com esse intuito, e estão considerando a possibilidade de instalar câmeras pela rua, para inibir a ação de criminosos. “Eu sou contra, de que adiantam as câmeras? Eles não estão nem aí. Precisamos contratar uma vigília armada, dois homens armados para ficarem aqui 24h por dia”, opinou Pereira.
 
Além de todo o problema com a falta de segurança, os moradores do Cidade Satélite também lidam com a distância da delegacia que cobre a região. O prédio onde funcionava a DP do bairro foi interditado e, segundo os moradores, agora todos os boletins de ocorrência precisam ser registrados na 8ª Delegacia de Polícia, que fica no bairro de Cidade da Esperança, Zona Oeste.
 
Através de nota, a Polícia Militar afirmou que está intensificando o policiamento em todos os bairros de Natal. Além disso, realiza ainda operações pontuais nos bairros de maior incidência de roubos às casas. No entanto, ainda de acordo com a nota, pondera o atual déficit do efetivo na ordem de 3,5 mil militares.
 
Humorista teve casa invadida no domingo em Emaús
 
Na série de arrastões no fim de semana passado também houve ocorrência no bairro de Emaús, em Parnamirim, Região Metropolitana.
 
Desta vez, a vítima foi o humorista Mafaldo Pinto. Ele postou em seu perfil do Facebook que teve a residência onde mora invadida por três adolescentes, um deles armado com um revólver calibre 38.
 
O trio aproveitou o momento em que a esposa do humorista entrava na garagem como carro da família para anunciar o assalto. Além do casal, estavam no imóvel o filho dos dois e um amigo da família. “O que estava com o revolver, botou a arma na minha cabeça e na de meu filho, e apontou para meu amigo e minha esposa também, foi o que tocou terror. Agora estamos bem, mas ainda atordoados”, escreveu Mafaldo em seu Facebook.
 
Segundo ele, foram levados o carro, uma motocicleta, uma televisão e objetos pessoais, como carteiras e um relógio. “Só Deus para não alimentar o ódio em nossos corações”, exclamou Mafaldo.
 

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