quinta-feira, 23 de junho de 2016

Em Natal, Marina Silva nega envolvimento em corrupção

POLÍTICA
 
Nove meses depois de conseguir o registro do seu partido, o Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva esteve ontem (22) em Natal para lançar a pré-candidatura de Freitas Júnior à Prefeitura, ocasião em que se defendeu das acusações de que teria sido beneficiada com dinheiro de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato para sua eleição presidenciável em 2010, ou que tenha sido cúmplice de formação de caixa 2 para a campanha de Eduardo Campos em 2014.
 
Segundo o jornal O Globo, Marina teria sido citada como beneficiária pelo ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. O coordenador de sua campanha, Guilherme Leal, sócio da Natura, teria pedido contribuição para caixa dois da campanha presidencial em 2010.
 
”É uma infâmia. Guilherme Leal jamais faria uma proposta dessa natureza. A nossa campanha foi uma campanha exemplar, com pouco dinheiro. Não teve um centavo de caixa 2 e desafio. Se houve caixa 2 eu desafio: a quem deu o dinheiro? Onde deu o dinheiro? Quando deu o dinheiro? Nunca me reuni com este senhor”, declara. 
 
Ela acredita que a Polícia Federal é altamente capacitada para comprovar que essas acusações são inverídicas. A ex-senadora elogiou a Operação Lava Jato e disse que essa ação investigativa está promovendo uma reforma política. Ela disse desconhecer qualquer esquema de caixa para as eleições de 2014 em que iniciou o pleito como candidata a vice de Eduardo Campos e, após sua morte, durante a queda do avião que o transportava em Santos/SP, assumiu a cabeça da chapa como candidata à presidência.
 
Na última terça-feira (21), a Polícia Federal deflagrou a Operação Turbulência, que investiga empresas envolvidas na aquisição da aeronave usada por Campos, apontadas como sendo de fachada e em nome de laranjas. Estas realizavam transações entre si e com outras empresas fantasmas, inclusive com algumas empresas investigadas na Operação Lava-Jato e parte dos recursos que transitaram nas contas examinadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de caixa 2 de empreiteiras, que teriam abastecido a campanha de Eduardo Campos em 2014.
 
Marina diz que a estrutura de sua campanha é diferente da estrutura de pré-campanha de Eduardo Campos. “Após a formalização da chapa existem as contas de Eduardo, que estão sendo questionadas, e a minha que não está sendo questionada porque foi outra coisa. O avião não tinha minha responsabilidade. Das 120 viagens que fiz, apenas oito foram no avião a convite de Eduardo campos. Eu confio inteiramente no trabalho da justiça e no trabalho da polícia e neste momento é fundamental que as investigações sejam aprofundadas”, disse a líder da Rede.
 
"Erro" começou no governo Lula
 
Para Marina Silva, o erro de gestão começou por volta de 2008, no segundo mandato do governo Lula (PT), quando ela deixou o Ministério do Meio Ambiente. Em agosto de 2009, a ex-senadora anunciou sua saída do PT, depois de mais de 20 anos de filiação e diz que saiu porque passou a discordar da política ambiental e de medidas adotadas pelo governo.
 
“Foram agravados quando em 2008 veio a crise e todos os países começaram a tentar resolver a crise com medidas duras e aqui se dizia que não tinha crise e se tomou medidas no sentido de artificialmente controlar a inflação, baixar juros, congelar preços administrados”, relata. Ela diz que o uso dos bancos públicos para empresas selecionadas e que a valorização da eleição seguinte, que viria a eleger Dilma Rousseff, em detrimento dos rumos da nação, foram medidas que aprofundaram os erros ao ponto de Dilma precisar realizar operação de crédito sem autorização do congresso, que a levou ao crime de responsabilidade.
 
A solução para a crise política, diz, é a convocação de novas eleições. “Se ficar comprovado que fraudaram as eleições com o dinheiro da propina, a saída é cassar a chapa Dilma/Temer e convocar novas eleições. PT e PMDB são faces da mesma moeda. Cabe ao TSE devolver ao povo a possibilidade de repactuar as relações da sociedade com seus dirigentes máximos”, sugere Marina Silva, alegando que não haveria quebra de institucionalidade porque existe a prerrogativa da renúncia, do impeachment ou da cassação.
 

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