quarta-feira, 29 de junho de 2016

Guarda municipal de São Paulo matou 17 pessoas em três anos. Levantamento feito pelo comando da instituição mostra que quatro pessoas foram mortas apenas neste ano. Entre as vítimas está um menino de 11 anos

CARAMBA!!!

Criança de 11 anos é morta por GCM na Zona Leste de São Paulo
Chevette prata em que menino de 11 anos foi morto pela Guarda Civil Municipal no último domingo, na Zona Leste da cidade de São Paulo(VEJA.com/Divulgação)

Dezessete pessoas foram mortas por guardas-civis metropolitanos (GCMs) na cidade de São Paulo entre 2013 e 2016. As informações são do comando da instituição e incluem o caso do menino de 11 anos morto em uma perseguição, no último sábado, em Cidade Tiradentes, na Zona Leste da capital paulista. Neste ano, foram registradas quatro mortes, quase o total de casos do ano passado, cinco. Em 2014, aconteceram seis mortes e em 2013, dois casos. Segundo as estatísticas, em onze casos, os guardas estavam fora de serviço e, em seis, trabalhando.

Para o secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Domingos Mariano, os números mostram que não há "cultura da letalidade" na GCM da capital. "Considerando uma cidade do tamanho de São Paulo e um efetivo de 6.000 homens que trabalham armados todos os dias, os índices estão muito baixos, menores do que em países como os Estados Unidos, por exemplo."

Mariano afirmou que um dos casos se refere a um crime passional - um GCM matou o suposto amante da mulher. "O outro caso que teve a conduta dos guardas totalmente errada, pois foge do padrão de atuação da Guarda, foi o que terminou com a morte do menino de 11 anos, no fim de semana. Nas demais ocorrências, a investigação da Corregedoria da GCM concluiu que os guardas agiram em legítima defesa, pois houve confronto com bandidos."

O comando da GCM vai reforçar nesta semana a instrução para que os guardas adotem as normas estabelecidas há oito anos, que não permitem abordar veículos em atitude suspeita ou se envolver em perseguição a suspeitos. "O guarda anda armado para se proteger e não para participar de ocorrências policiais."

Os dois adolescentes que acompanhavam o menino de 11 anos morto com um tiro na nuca por um guarda-civil foram ouvidos na terça-feira, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles têm 14 anos e afirmaram que não houve confronto e que não estavam armados. Os garotos também contaram que tentaram furtar um Gol. O menino de 11 anos, segundo eles, tinha facilidade em abrir carros com uma chave mixa e fazer ligação direta no motor. Como não conseguiram levar o Gol, furtaram um Chevette, mas foram vistos por um motoqueiro, que avisou os guardas.

O menino de 14 anos que assumiu o volante admitiu que tentou fugir em alta velocidade. Eles afirmaram que perceberam os tiros da GCM, um deles acertou um dos pneus e o carro perdeu a estabilidade. Ele disse que deu "um cavalo de pau", parou próximo de uma quermesse e correu para uma viela. O outro menino de 14 se misturou aos frequentadores da festa, enquanto o garoto de 11 anos agonizava no carro.

O guarda Caio Muratori afirmou à polícia que atirou quatro vezes no veículo após os ocupantes dispararem em direção à viatura. Os dois guardas que estavam com Muratori afirmaram que não viram o confronto.

(Com Estadão Conteúdo)

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