A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira, na 35ª fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci.
Chefe da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil no primeiro mandato de
Dilma, Palocci é suspeito de atuar diretamente como intermediário dos
interesses da Odebrecht, a maior empreiteira do país e cujo
diretor-presidente, Marcelo Odebrecht, está atrás das grades desde junho
do ano passado.
Considerada uma das fases mais
importantes da Lava Jato, a nova etapa das investigações sobre o
petrolão apura também supostos favorecimentos ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ele próprio já réu em dois processos relacionados ao escândalo de corrupção na Petrobras,
por meio do Setor de Operações Estruturadas, considerado um
departamento da propina da Odebrecht. As suspeitas de novas benesses em
favor de Lula teriam intermediação do pecuarista José Carlos Bumlai, já
preso na Lava Jato. Investigadores que atuam no caso estimam que este
flanco da apuração superaria o que foi descoberto de Lula sobre o
tríplex no Guarujá e sobre o sítio de Atibaia. Os novos indicativos
envolvem um prédio que seria destinado ao ex-presidente.
Batizada de Operação Omertà, em
referência ao pacto de silêncio dos mafiosos, a 35ª fase da Lava Jato
nesta segunda-feira recolheu evidências de que Palocci atuou
deliberadamente para garantir que o Grupo Odebrecht conseguisse
contratos com o poder público. Em troca, dizem os investigadores, o
ex-ministro e seu grupo eram agraciados com propina. A atuação de
Palocci foi monitorada, por exemplo, na negociação de uma medida
provisória que proporcionaria benefícios fiscais, no aumento da linha de
crédito junto ao BNDES para a Odebrecht fechar negócios na África e em
uma interferência na licitação para a compra de 21 navios sonda para
exploração da camada pré-sal.
Em agosto, VEJA revelou que, em suas negociações para a colaboração premiada, o ex-marqueteiro petista João Santana se dispôs a dizer aos investigadores do petrolão como os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega – Mantega foi alvo da 34ª fase da Lava Jato
na última semana – haviam se encarregado de negociar o caixa paralelo
na campanha de Dilma em 2014. Palocci é o personagem principal de um dos
capítulos da delação de João Santana. Nele, além da “conta” que o
ex-ministro detinha com empresas investigadas no petrolão, Palocci seria
delatado ao lado do braço-direito Juscelino Dourado, que distribuía
parte do dinheiro do caixa dois.
Estão sendo cumpridas ordens judiciais
nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
No ano passado, a Polícia Federal havia
aberto inquérito para apurar a participação de Antonio Palocci no
escândalo do petrolão. Em acordo de delação premiada, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que, em 2010, o
doleiro Alberto Youssef intermediou, em nome de Palocci, propina de 2 milhões de reais para a campanha de Dilma.
Os valores deveriam ser retirados da propina de 2% cobrada pelo Partido
Progressista (PP) em contratos com a Petrobras. “No ano de 2010, [Paulo
Roberto] acredita que quando Antonio Palocci já não ocupava nenhum
cargo no governo federal, recebeu uma solicitação, por meio de Alberto
Youssef, para que fossem liberados 2 milhões de reais do caixa do PP,
para a campanha presidencial de Dilma Rousseff”, diz trecho da delação
do ex-diretor da petroleira.
Por
Rodrigo Rangel, Laryssa Borges e Thiago Bronzatto/Veja.com
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