“Eu creio que Hillary Clinton decisivamente ganhou o debate, mas suspeito que a campanha se manterá ferozmente apertada”, escreve David Gergen, analista político da CNN. O bilionário atuou de maneira mais contida do que nas primárias de seu partido, quando distribuiu insultos e dizimou os adversários com apelidos depreciativos. Durante os 90 minutos do debate de segunda, o bilionário não usou nenhuma vez o “Hillary trapaceira” (crooked Hillary) com que costuma se referir à candidata democrata.
Mas o traquejo de Trump como uma celebridade televisiva não o socorreu no confronto de ontem. O bilionário demonstrou nervosismo com fungadas ostensivas, frequentes interrupções dos comentários de Hillary e respostas que nem sempre foram coerentes.
A democrata foi favorecida pela falta de questionamento em relação à Fundação Clinton e o potencial conflito de interesses criado por doações feitas à instituição por outros países. A candidata também foi pouco pressionada por Trump em razão da decisão de usar um servidor privado de internet no período em que era secretária de Estado — o que ela reconheceu ter sido um erro.
Sondagens qualitativas — Pesquisa divulgada pela CNN depois do debate mostrou que 62% dos que viram o confronto apontaram a democrata como a vencedora da noite. Apenas 27% disseram que Trump se saiu melhor do que Hillary.
A democrata também ganhou de acordo com “grupos de foco” reunidos por consultores para avaliar o debate em tempo real.
Frank Luntz costuma realizar pesquisas para o Partido Republicano e seu levantamento concluiu que a democrata venceu o enfrentamento. No grupo de 22 eleitores que ele reuniu, dezesseis afirmaram que Hillary ganhou o debate e apenas seis apontaram Trump como vencedor. Em um grupo de vinte eleitores indecisos da Flórida reunido pela CNN, dezoito declararam que Hillary foi a vencedora da noite.
“Pode ser difícil de lembrar, mas antes de Hillary ser secretária de Estado, senadora ou primeira-dama, ela era uma advogada — e, por todos os aspectos, uma profissional talentosa”, escreve Anthony Zurcher, correspondente de política da BBC. A frieza, a precisão e a clareza de sua argumentação — atributos lapidados durante seus anos como advogada — pesaram em favor de Hillary. Em 1988 e 1991, a ex-secretária de Estado entrou na prestigiada lista dos 100 advogados mais influentes dos EUA.
(Com Estadão Conteúdo)
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