TRIPLEX
Lula e Léo Pinheiro conversam na beira da piscina do sítio em Atibaia (Polícia Federal/Reprodução)
A fotografia que mostra Lula e Léo Pinheiro conversando na
beira da piscina do sítio em Atibaia é mais uma prova de que o
ex-presidente trata a verdade a socos e pontapés — tanto diante de
plateias amestradas quanto durante interrogatórios em tribunais. No
depoimento a Sérgio Moro, ele admitiu que teve encontros com o chefão da
OAS, mas só em São Bernardo e no Instituto Lula. Foi desmoralizado pela
imagem armazenada no computador de Paulo Gordilho, ex-diretor da
empreiteira, que Lula também jura não conhecer.
Nenhuma surpresa. Sem ficar ruborizado, o torturador de
fatos incômodos continua garantindo que não é o dono do sítio visitado
por integrantes de seu esquema de segurança, entre 2012 e 2016, nada
menos que 111 vezes. Bom de bico e ruim de álibi, não conseguiu explicar
até agora nem as viagens a Atibaia nem os motivos que levaram a
Odebrecht e a OAS a investirem uma bolada e tanto na reforma de uma
propriedade rural que, segundo a papelada suspeitíssima providenciada
pelo amigo Roberto Teixeira, pertence a um amigo de um filho do
verdadeiro proprietário.
“Não é assunto para discutir agora”, desconversou o depoente
em Curitiba. Ele também gostaria de deixar para depois o caso do
triplex no Guarujá — outra maracutaia que até um detetive estagiário
saberia desvendar em poucas horas. “Era muito pequeno para uma família
de cinco filhos e oito netos”, repetiu na conversa fiada que Moro ouviu
pacientemente, durante a qual tirou da manga a carta que lhe parecia
decisiva: “Percebi que aquele apartamento era praticamente inutilizável
por mim, pelo fato de eu ser uma figura pública e só poderia ir naquela
praia numa segunda-feira ou numa quarta-feira de cinzas”.
O argumento faria sentido se Lula tivesse imaginado algum
dia frequentar a praia em frente do triplex. Ele pretendia continuar
desfrutando das areias do Forte dos Andradas, uma propriedade do
Exército situada a menos de 5 minutos de carro do Edifício Solaris. Lula
virou freguês do lugar quando estava no Planalto, e continuou
aparecendo por lá depois de deixar a Presidência. Em 2011, por exemplo, a
convite do então ministro da Defesa, Nelson Jobim, ele, Marisa Letícia,
filhos, noras e netos passaram mais de 12 dias no local, com todas as
despesas pagas pelo dinheiro dos impostos. Uma reportagem do jornal O Globo revelou que o forte fora reformado para aumentar o nível de conforto do visitante em sua terceira temporada no lugar.
A curta distância entre o triplex e a praia preferida de
Lula é mais uma coincidência? Confrontado com a pergunta, o réu que de
tudo sabe dirá novamente que nunca soube de nada.
(
Augusto Nunes/Veja.Abril.com.br)
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