REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Reforma tenta conter o déficit da Previdência, cada vez maior (Folha Imagem/VEJA)
Com o agravamento da crise política no país, líderes de partidos da base aliada na Câmara dos Deputados começaram a defender uma reforma da Previdência
mais “enxuta”. Nas conversas, os parlamentares já discutem aprovar
apenas o aumento da idade mínima para a aposentadoria, considerado um
dos pilares da proposta. As outras mudanças seriam encaminhadas só a
partir de 2019, quando o país terá um novo presidente eleito pelo voto direto.
Outra opção cogitada por lideranças no Congresso é uma “minirreforma”
da Previdência. Alguns estudos já foram encomendados para verificar a
viabilidade de aprovar medidas por outros caminhos que não uma Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) – que precisaria de 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Uma saída seria fazer algumas mudanças por medida provisória (MP) ou projeto de lei, que precisam de menos votos.
“É hora de transparência, de reconhecer que o momento é
delicado e que isso impacta na votação das reformas. É preciso, sim,
fazer uma avaliação do cenário, para entender o que tem condição de ser
aprovado agora, deixando o desafio maior para o próximo governo eleito”,
afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). A legenda é uma das principais bases de sustentação do governo Temer no Congresso.
Para Efraim, esses pontos só poderão ser definidos após o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgar a ação que pede a cassação da
chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico. A Corte marcou o início
do julgamento para 6 de junho.
“Se o clima estiver muito pesado, podemos pensar em aprovar
uma reforma deixando só a idade mínima. Para dar algum sinal ao
mercado”, defendeu o deputado Marcos Montes (MG), líder do PSD, quinto
maior partido da Câmara. A opinião é compartilhada pela líder do PSB na
Casa, Tereza Cristina (MS), que é da ala do partido ligada a Temer.
“Temos de aprovar minimamente a idade mínima”, disse. Já o líder do PR
na Câmara, José Rocha (BA), diz que nem mesmo este ponto está
pacificado.
Deputados do PSDB também avaliam nos bastidores que, com o
agravamento da crise política, será preciso “enxugar” a reforma. Desde
antes da delação da JBS, a bancada já defendia a flexibilização do texto
aprovado pela comissão especial. O líder do PSDB na Câmara, Ricardo
Tripoli (SP), porém, afirmou que a ideia é tentar prosseguir com a
proposta. “Estamos monitorando a cada dia, para saber a evolução do
cenário. A situação é grave, mas não podemos transferir um problema de
ordem judicial para a política macroeconômica.”
Minirreforma
No Congresso, há também uma avaliação de que a opção da
minirreforma “não é tão ruim”, porque os efeitos da PEC já eram muito
graduais, e o pente-fino que vem sendo feito nos pagamentos do
auxílio-doença já dá, no curto prazo, uma contribuição maior para o
caixa. Para os defensores dessa estratégia, não há tanto problema em
esperar para fazer uma grande reforma em 2019, embora ela tenha de ser
mais drástica.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende
colocar a reforma da Previdência em votação no plenário da Casa entre 5 e
12 de junho. Interlocutores do parlamentar fluminense dizem, porém, que
ele deu essa previsão apenas para fazer um aceno ao mercado financeiro
de que a crise política não afetará as reformas.
(Com Estadão Conteúdo)
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