O DITADOR DA AMÉRICA DO SUL
O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, discursa em TV venezuelana,
na capital Caracas - 16/08/2016 (Miraflores Palace/Handout/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
definiu neste domingo a polêmica Assembleia Constituinte como um “poder
supremo” que poderá tomar decisões inclusive “acima da lei”.
“O que a Constituinte pode fazer? Tudo o que quiser. É o
grande poder […] Pode emitir uma lei constitucional, acima da lei,
estabelecendo regras de justiça firmes e de cumprimento obrigatório por
todas as instituições, pela Procuradoria, pelos tribunais”, declarou o
presidente durante o seu programa semanal na emissora estatal VTV.
A iniciativa de Maduro é rechaçada pela oposição, agravando
os protestos contra o governante socialista, com confrontos que deixam
59 mortos em 58 dias, segundo o balanço da Procuradoria. Governo e
oposição se culpam mutuamente pelos casos de violência.
“É uma Constituinte para ter o poder supremo de lutar contra
a corrupção em todas as partes onde esteja incrustada […]. É uma
Constituinte para mudar tudo”, afirmou Maduro.
A inscrição de candidatos para a Constituinte será realizada
na quinta e sexta-feira, anunciou nesta semana o Conselho Nacional
Eleitoral (CNE). Os postulantes deverão se inscrever em um site e
recolher assinaturas que apoiem a sua candidatura.
As eleições de constituintes, segundo projeta o CNE,
acontecerão no final de julho com um sistema que combina votações por
municípios e por setores sociais.
O mecanismo setorial é considerado por analistas e
dirigentes opositores como uma “armadilha” com a qual Maduro busca fugir
do voto universal e se manter no poder em um momento em que a sua
gestão é rechaçada por sete em cada 10 venezuelanos, de acordo com
pesquisas privadas.
Mas o presidente, novamente, defendeu a Constituinte. “Vamos
todos votar. Votos sim, balas não […]. Constituinte ou violência,
Constituinte ou golpe de Estado, Constituinte ou ‘guarimbas’ [protestos
violentos]”, expressou.
A oposição denuncia que o sistema viola a proporcionalidade
do voto, princípio estabelecido na Constituição venezuelana, que diz que
os territórios com maior população devem ter maior representação.
Segundo disse Maduro, o distrito capital de Caracas, com uma
população estimada em mais de dois milhões de habitantes, irá eleger
sete delegados; o estado do Amazonas, com 150.000 residentes, escolherá
oito.
(Com AFP)
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