PF VAI INTERROGAR
O presidente Michel Temer (PMDB), que será interrogado por escrito pela PF (Nelson Almeida/AFP)
O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, determinou nesta terça-feira que o presidente Michel Temer (PMDB) deve depor no inquérito a que responde no Supremo, aberto a partir das delações premiadas de executivos da JBS.
Fachin decidiu que a oitiva de Temer deve ser por escrito e que o
peemedebista terá um prazo de 24 horas para entregar as respostas
após receber as perguntas da Polícia Federal, a serem enviadas também por escrito.
A legislação estabelece que “o presidente e o
vice-presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela
prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas,
formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas
por ofício”.
Na quarta-feira passada, a defesa de Temer endereçou um
recurso a Edson Fachin em que sugeriu que, antes do depoimento do
presidente, fosse concluída a perícia sobre a gravação da conversa entre
Joesley Batista, delator e dono da JBS, e o peemedebista, em que o
político ouve o empresário afirmar que estava comprando dois juízes e um
promotor e em que supostamente dá aval para que o deputado cassado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, seja remunerado para
permanecer em silêncio. “Tem que manter isso, viu?”, disse Temer diante
da afirmação de Joesley de que está “de bem” com o Cunha e com o
operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília.
“Pretende-se, primeiramente, a suspensão do ato de oitiva do
Senhor Presidente da República, até a ultimação das providências
periciais”, disse o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira no
documento apresentado ao STF.
Segundo Mariz, tomar o depoimento do presidente antes da
conclusão da perícia seria uma “providência inadequada e precipitada”,
já que a própria Polícia Federal estimou em até trinta dias o prazo para
concluir a análise de eventuais edições e trucagens na conversa entre o
presidente e o empresário.
Além de Michel Temer, o inquérito 4483 do Supremo tem como
alvo o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na
conversa gravada por Joesley, Rocha Loures foi apontado por Temer como
interlocutor para atender demandas do grupo J&F no governo,
incluindo uma disputa contra a Petrobras no Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade). Em conversas gravadas entre o empresário e o
parlamentar, ambos tratam da compra do silêncio de Cunha e Funaro e do
pagamento de 500.000 reais semanais em troca da ajuda no Cade. Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal
recebendo uma mala com o dinheiro em espécie em São Paulo, entregue
pelo diretor de relações institucionais da JBS e também delator, Ricardo
Saud.
O inquérito ainda tinha como investigado o senador afastado
Aécio Neves (PSDB-MG), mas Edson Fachin atendeu a pedidos das defesas do
tucano e de Temer e separou as investigações sobre eles nesta terça-feira.
(Veja.Abril.com.br)
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