ACUSAÇÃO
Jacó Jácome, deputado estadual pelo PSD
Desde a última segunda-feira 22, a Prefeitura Municipal de Natal, por
meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), iniciou o processo de
alteração para confecções do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) na
capital potiguar. Com a nova regulamentação, publicada em decreto, os
hospitais e a unidades municipais de saúde somente atenderão pacientes
que tenham comprovado previamente moradia em Natal através da
apresentação de um comprovante de residência no momento da reimpressão
da carteira.
Atualmente, segundo dados disponibilizados pela
própria Prefeitura do Natal, existem 1,4 milhão de cartões do SUS
registrados na capital potiguar, muito embora a população da cidade seja
de aproximadamente 800 mil habitantes de acordo com o último censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A medida de
‘privatizar’ as unidades de saúde da cidade somente para pessoas que
pertencem a ela, no entanto, não foi bem aceita por muitas pessoas,
entre elas o deputado estadual Jacó Jácome (PSD).
Em contato com a
reportagem do Agora Jornal, o parlamentar disse ter ficado surpreso com
a decisão do prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT). Para ele, o fato de
negar atendimentos a pacientes do interior vai apenas aumentar o caos no
sistema de saúde do Rio Grande do Norte. Segundo Jacó, faltou
‘sensibilidade’ ao chefe do executivo municipal e, principalmente,
diálogo com outras lideranças políticas do Estado antes de publicar o
decreto, que já entrou em vigor na capital.
“Quem tem uma
sensibilidade e uma visão de Estado não pode discriminar os pacientes do
interior da maneira que o prefeito está discriminando. A gente sabe que
o município de Natal tem obrigação constitucional de atender os
pacientes da própria cidade, mas muitas pessoas moram, trabalham e vivem
aqui mas tem cartões do SUS do interior. Com essa nova medida, eles
acabarão sendo discriminados porque vão procurar serviço de saúde e
simplesmente não serão atendidos nos bairros. É uma decisão muito
equivocada”, criticou.
Ainda de acordo com o deputado, o prefeito
de Natal não procurou sequer a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap),
liderada por George Antunes, antes de tomar a medida considerada
‘drástica’. O pensamento do chefe do executivo, na visão do parlamentar,
esteve voltado apenas para melhorar a situação da capital, sem pensar
nas consequências que isso trará aos cidadãos interioranos que estejam
de passagem no município.
“A decisão foi tomada de forma
unilateral. O prefeito não procurou a Sesap e tampouco os prefeitos de
outras cidades para ver como ficaria a questão dos atendimentos, ao
menos para se criar alguns critérios a eles. Tomou a decisão
monocraticamente, pensando apenas na situação da saúde de Natal. Entendo
que se tivesse conversado com outras partes, a decisão poderia ter sido
mais democrática”, completou.
Por fim, o deputado peesedista
classificou a atitude da prefeitura como descaso com a população em
geral e atentou para um detalhe importante que pode vir a ser
consequência da medida. “Eles estão fechando os olhos para um problema
sério que acontece em todo o Estado. Muitas pessoas poderão morrer sem
conseguir atendimentos médicos na capital e isso é uma coisa muito
absurda que precisa urgentemente ser revista”, concluiu.
Com o
decreto publicado nesta semana, os munícipes ‘oficiais’ da capital terão
que refazer suas carteiras do SUS. Para tanto, será necessário
apresentar comprovante de residência em nome do titular do cartão (ou em
nome do cônjuge) acompanhado da certidão de casamento. Para menores de
18 anos, será solicitado o comprovante de residência em nome dos pais.
Em caso de domicílios alugados, será aceito contrato de aluguel
reconhecido em cartório.
OUTRO LADO
Em
comunicado encaminhado a imprensa na última quarta-feira 24, a
Secretaria Municipal de Saúde de Natal disse que a mudança no sistema de
saúde da capital se fez necessária após a decisão do Hospital Monsenhor
Walfredo Gurgel em regular a porta de entrada apenas para atendimento
de pacientes politraumatizados e vítimas de AVC. Isso, segundo a
Prefeitura, havia gerado a consequente superlotação da Rede de Urgência e
Emergência de Natal com pacientes oriundos do interior do Estado.
Para
o secretário Luiz Roberto Fonseca, “Natal não tem pactuação ampla com
os demais municípios para prestação de serviços de urgência e emergência
na baixa e média complexidade. Existe contratos com alguns municípios
apenas na assistência materno-infantil, mas o que tem acontecido é uma
ocupação sistemática de municípios sem contrato com Natal, que não
conseguem dar assistência aos seus munícipes no parto de risco
habitual”, declarou.
A partir de agora, as alterações de endereço e
a confecção de novos cartões passarão a ser realizados apenas na
Secretaria Municipal de Saúde, localizada na Rua Fabrício Pedroza, 915,
Areia Preta, na sala 119, 1º andar, das 8h às 12h e das 13h às 16h. Quem
deseja apenas reimprimir o cartão, pode procurar qualquer unidade de
saúde do município.
( Rodrigo Ferreira/AgoraRN)
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