BRASIL, POLÍTICA
O presidente Michel Temer (PMDB) (Cristiano Mariz/VEJA)
O presidente Michel Temer (PMDB) concedeu nesta quinta-feira sua primeira entrevista após a Câmara dos Deputados barrar, por 263 votos a 227,
a denúncia por corrupção passiva contra ele. À rádio Bandnews, Temer
disse que a vitória na votação foi “expressiva”, que aqueles que querem o
seu afastamento têm sido derrotados e ainda rebateu as acusações da
oposição de que usou emendas parlamentares para “comprar” votos de
deputados.
“Ao longo do tempo o que tem acontecido é a derrota daqueles
que querem ver prosperar essa eventual possibilidade de afastamento do
presidente da República”, afirmou Michel Temer, que ainda deve ser alvo
de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República com base nas delações premiadas dos executivos do Grupo J&F, que controla a JBS, e na gravação de um diálogo entre o presidente e o empresário Joesley Batista.
Na entrevista, Temer voltou a atacar Joesley e reafirmou que
não há nada que o incrimine no áudio da conversa, na qual ouviu do
delator que ele estava “bem” com o ex-deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), preso, e respondeu: “Tem que manter isso aí”.
“Quando você ouve o áudio não tem nada que incrimine o
presidente da república. Aí começou um processo, daí a ideia kafkiana
[absurda, surreal], como se o presidente fosse um grande corruptor e o
outro fosse o santo da história né”, ironizou.
A respeito das emendas parlamentares, cujo valor empenhado aos deputados foi de 3,1 bilhões de reais entre junho e julho,
montante 869% maior que o empenhado entre janeiro e maio, Michel Temer
ressaltou que os aportes solicitados pelos parlamentares são
impositivos, ou seja, o governo tem a obrigação de pagá-los.
“Quando o parlamentar em seu nome ou em nome da bancada de
seu estado apresenta uma emenda até certos valores ela necessariamente
tem que ser paga, daí o nome de emenda ‘impositiva’. Tem mais: as
emendas foram igualmente pagas, oposição e situação, agora, quem apoia o
governo vota com o governo, quem não apoia o governo vota contra o
governo”, afirmou o presidente.
Entre os 503 deputados que tiveram seus nomes chamados na
votação de ontem, à parte os dez ministros exonerados apenas para
voltarem à Câmara, 1,6 bilhão de reais em emendas foi empenhado a
parlamentares que votaram contra a denúncia e 1,3 bilhão de reais foi
reservado aos que se posicionaram pelo seguimento da acusação ao Supremo
Tribunal Federal (STF). A média de emendas a cada deputado governista
foi de 6,5 milhões de reais, apenas 10% maior que os 5,9 milhões de
reais médios empenhados a oposicionistas.
Na entrevista, Michel Temer ainda falou sobre alguns pontos
da reforma política e declarou ser favorável à implantação do
Parlamentarismo como forma de governo no país. “No presente momento, o
que houve aqui foi a fixação de cláusula de barreira e a eliminação das
coligações [em eleições proporcionais]. Acho que poderíamos pensar no
parlamentarismo para 2018, não seria despropositado”, sugeriu.
(Veja.Abril.com.br)
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