
Fernando Haddad - Eduardo Carmim/Parceiro/Agência O Dia
Rio - Em ato
durante o qual recebeu o apoio de artistas, na Cinelândia, no Centro do
Rio, na noite desta segunda-feira, o candidato do PT à Presidência da
República, Fernando Haddad, criticou o adversário Jair Bolsonaro (PSL) e
classificou como "anarquia jurídica" a sequência de ordens judiciais
autorizando e proibindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) conceda entrevista à imprensa. Haddad agendou uma entrevista
coletiva antes do ato, ao lado do palanque, mas minutos antes decidiu
cancelar - segundo sua assessoria, para respeitar uma recomendação da
equipe responsável por sua segurança, devido à multidão que estava na
Cinelândia.
No discurso aos eleitores, o petista alertou para o que
chamou de "riscos para a democracia": "Existe um despertar deste país
para os riscos que a nossa democracia está correndo. Os direitos
sociais, trabalhistas, políticos, civis, todos eles estão em risco. Nem
liberdade de imprensa eles respeitam mais, porque impedem os veículos de
comunicação de fazer uma mera entrevista com Lula, como aconteceu
agora, um bate cabeça no Supremo Tribunal Federal, que a gente nem sabe
mais o que é direito, o que é certo neste país. Não tem mais parâmetros,
estamos numa anarquia jurídica. Isso traz insegurança para todo mundo",
afirmou, referindo-se a uma sequência de decisões judiciais que
autorizou e desautorizou entrevista com Lula.
Haddad mencionou uma fala do candidato a
vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, de que
família onde não há "pai ou avô", mas só "mãe e avó", é "fábrica de
desajustados que tendem a ingressar em narco-quadrilhas" e outra
afirmação feita por um dos filhos de Bolsonaro, o deputado federal
Eduardo Bolsonaro. "Ontem ou anteontem, o filho do Bolsonaro disse que
as mulheres progressistas são mais feias e menos higiênicas do que as
mulheres de direita. Fico pensando o que passa na cabeça dessas pessoas
pra fazer política ofendendo as mulheres do Brasil, que carregam esse
país nas costas, com quatro jornadas de trabalho por dia", afirmou.
"Essa conduta reiterada da turma do Bolsonaro de ofender as mulheres
explica muito das manifestações do último sábado", completou o petista.
Haddad fez outra crítica a Bolsonaro, esta indireta, ao
dizer que não quer "mãos armadas", mas "uma carteira de trabalho numa
mão e um diploma na outra". O candidato do PSL defende maior liberdade
para a compra e o porte de armas no Brasil.
Em outro trecho do discurso, Haddad afirmou que quando
tornou mais fácil o acesso às universidades, enquanto ministro da
Educação, ofendeu um grupo social mais rico, que não queria dividir os
bancos escolares com a camada mais pobre da população
"Eles se incomodavam com a presença do povo na universidade, nos aeroportos, no restaurante", afirmou.
Participaram do ato artistas como a escritora Conceição
Evaristo, os atores Sérgio Mamberti e Bete Mendes e o diretor de teatro
José Celso Martinez Corrêa. Este entoou a música "Tristeza", lançada em
1963 por Niltinho Tristeza e Haroldo Lobo, que diz "tristeza, por favor
vá embora", embalando a multidão que compareceu à Cinelândia.
Haddad chegou ao Rio na tarde desta segunda-feira e
seguiu para as imediações da igreja da Candelária, no centro, onde foi
recebido por militantes. Dali percorreu a avenida Rio Branco sobre uma
caminhonete, acompanhado por outros políticos, até chegar à Cinelândia,
onde ocorreu o comício. Nesta terça-feira (2) ele cumprirá outros
compromissos no Rio e na Baixada Fluminense.
(por:Estadão Conteúdo)
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