NOVO GOVERNO
O presidente Jair Bolsonaro em discurso no parlatório do Palácio do Planalto, nesta terça-feira, 1º (Evaristo Sá/AFP)
O presidente Jair Bolsonaro
reviveu a retórica de sua campanha eleitoral e atacou a esquerda em seu
primeiro discurso no Palácio do Planalto, após receber a faixa
presidencial das mãos do ex-presidente Michel Temer (MDB). Dirigindo-se
sobretudo aos apoiadores que se concentravam na Praça dos Três Poderes,
Bolsonaro disse do alto do parlatório do palácio que sua posse
representa “o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da
inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto”.
Ele falou também em “restabelecer a ordem neste país”.
Em outro trecho de sua fala na sede do governo, o presidente disse
que “não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os
brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições,
destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade”. O público reagia
aos gritos de “mito”, apelido de Jair Bolsonaro entre seus admiradores.
Mesmo quando enumerou os maiores desafios de seu governo, citando a
superação da crise econômica e a redução do desemprego, Bolsonaro não
deixou de falar em combater “ideologização de nossas crianças”,
“desvirtuamento dos direitos humanos” e “desconstrução da família”.
Ao abordar a segurança pública, um dos grandes temas de sua
plataforma de governo, o presidente recém-empossado declarou que “também
é urgente acabar com a ideologia que defende bandidos e criminaliza
policiais, que levou o Brasil a viver o aumento dos índices de violência
e do poder do crime organizado, que tira vidas de inocentes, destrói
famílias e leva a insegurança a todos os lugares”.
Defensor do chamado “excludente de ilicitude”, que consiste na não
responsabilização de policiais que matem criminosos durante o exercício
do ofício, o pesselista falou em “dar respaldo ao trabalho de todas as
forças de segurança” e ressaltou que seu governo se preocupará “com a
segurança das pessoas de bem e a garantia do direito de propriedade e da
legítima defesa”.
Outro setor de seu governo que só foi citado pelo presidente para
criticar a esquerda foram as relações internacionais, cujo “viés
ideológico” ele prometeu “retirar”. O ministro das Relações Exteriores
escolhido por Bolsonaro, o diplomata Ernesto Araújo, foi indicado pelo
filósofo de extrema-direita Olavo de Carvalho e é um crítico do
“marxismo cultural” e do “globalismo”.
Na parte de seu discurso em que não fez ataques a “ideologias
nefastas” ou pregou abertamente contra o socialismo, Jair Bolsonaro
destacou que montou um governo “sem conchavos ou acertos políticos” e
escolheu “ministros técnicos e capazes”. Ao destacar o combate à
corrupção, o presidente disse que “favores politizados, partidarizados,
devem ficar no passado, para que o Governo e a economia sirvam de
verdade a toda Nação”.
Deputado federal integrante do chamado “baixo-clero” da Câmara
durante 27 anos, Bolsonaro relegou os partidos na formação do ministério
e, em nome do fim do “toma lá, dá cá”, privilegiou indicações vindas de
bancadas temáticas. A alternativa adotada pelo pesselista para evitar a
troca de pedaços de poder por apoio político levanta dúvidas sobre a
capacidade do novo governo para aprovar no Congresso “as transformações
de que o país precisa”, como disse o presidente.
“Vamos propor e implementar as reformas necessárias. Vamos ampliar
infraestruturas, desburocratizar, simplificar, tirar a desconfiança e o
peso do governo sobre quem trabalha e quem produz”, completou.
Leia abaixo a íntegra do discurso de Jair Bolsonaro no parlatório do Palácio do Planalto:
Amigas e amigos de todo o Brasil,
É com humildade e honra que me dirijo a todos vocês como
Presidente do Brasil. E me coloco diante de toda a nação, neste dia,
como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da
inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto.
As eleições deram voz a quem não era ouvido. E a voz das ruas e
das urnas foi muito clara. E eu estou aqui para responder e, mais uma
vez, me comprometer com esse desejo de mudança.
Também estou aqui para renovar nossas esperanças e lembrar que,
se trabalharmos juntos, essa mudança será possível. Respeitando os
princípios do estado democrático de direito, guiados por nossa
Constituição e com Deus no coração, a partir de hoje, vamos colocar em
prática o projeto que a maioria do povo brasileiro democraticamente
escolheu, vamos promover as transformações de que o país precisa.
Temos recursos minerais abundantes, terras férteis abençoadas por
Deus e um povo maravilhoso. Temos uma grande nação para reconstruir e
isso faremos juntos.Os primeiros passos já foram dados. Graças a vocês,
eu fui eleito com a campanha mais barata da história.
Graças a vocês, conseguimos montar um governo sem conchavos ou
acertos políticos, formamos um time de ministros técnicos e capazes para
transformar nosso Brasil. Mas ainda há muitos desafios pela frente.
Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os
brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições,
destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade. E convido a todos
para iniciarmos um movimento nesse sentido. Podemos, eu, você e as
nossas famílias, todos juntos, reestabelecer padrões éticos e morais que
transformarão nosso Brasil.
A corrupção, os privilégios e as vantagens precisam acabar. Os
favores politizados, partidarizados devem ficar no passado, para que o
governo e a economia sirvam de verdade a toda nação. Tudo o que
propusemos e tudo o que faremos a partir de agora tem um propósito comum
e inegociável: os interesses dos brasileiros em primeiro lugar.
O brasileiro pode e deve sonhar. Sonhar com uma vida melhor, com
melhores condições para usufruir do fruto do seu trabalho pela
meritocracia. E ao governo cabe ser honesto e eficiente.
Apoiando e pavimentando o caminho que nos levará a um futuro melhor, ao invés de criar pedágios e barreiras.
Com este propósito iniciamos nossa caminhada. E com este espírito
e determinação que toda equipe de governo assume no dia de hoje.
Temos o grande desafio de enfrentar os efeitos da crise
econômica, do desemprego recorde, da ideologização de nossas crianças,
do desvirtuamento dos direitos humanos, e da desconstrução da família.
Vamos propor e implementar as reformas necessárias. Vamos ampliar
infraestruturas, desburocratizar, simplificar, tirar a desconfiança e o
peso do Governo sobre quem trabalha e quem produz.
Também é urgente acabar com a ideologia que defende bandidos e
criminaliza policiais, que levou o Brasil a viver o aumento dos índices
de violência e do poder do crime organizado, que tira vidas de
inocentes, destrói famílias e leva a insegurança a todos os lugares.
Nossa preocupação será com a segurança das pessoas de bem e a
garantia do direito de propriedade e da legítima defesa, e o nosso
compromisso é valorizar e dar respaldo ao trabalho de todas as forças de
segurança.
Pela primeira vez, o Brasil irá priorizar a educação básica, que é
a que realmente transforma o presente e o futuro de nossos filhos e
netos, diminuindo a desigualdade social.
Temos que nos espelhar em nações que são exemplos para o mundo e que por meio da educação encontraram o caminho da prosperidade.
Vamos retirar o viés ideológico de nossas relações internacionais.
Vamos em busca de um novo tempo para o Brasil e os
brasileiros! Por muito tempo, o país foi governado atendendo a
interesses partidários que não o dos brasileiros. Vamos restabelecer a
ordem neste país.
Sabemos do tamanho da nossa responsabilidade e dos desafios que
vamos enfrentar. Mas sabemos aonde queremos chegar e do potencial que o
nosso Brasil tem. Por isso vamos dia e noite perseguir o objetivo de
tornar o nosso país um lugar próspero e seguro para os nossos cidadãos e
uma das maiores nações do planeta.
Podem contar com toda a minha dedicação para construir o Brasil dos nossos sonhos.
Agradeço a Deus por estar vivo e a vocês que oraram por mim e por minha saúde nos momentos mais difíceis.
Peço ao bom Deus que nos dê sabedoria para conduzir a nação.
Que Deus abençoe esta grande nação.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
(Por
João Pedroso de Campos, de Brasília/Veja.com.br)
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