Maduro mostra seu atestado de “vitória” respondendo a acusações de fraudes nas eleições (Federico Parra/AFP)
Sob críticas e suspeitas internacionais, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
toma posse nesta quinta-feira 10, iniciando novo mandato, com término
previsto para 2025. Apesar de contar com o respaldo das Forças Armadas e
da Suprema Corte, o líder enfrenta resistência interna da Assembleia
Nacional, comandada pela oposição. Ele está no poder desde 2013, como
sucessor de Hugo Chávez, que assumiu o governo em 1999 e permaneceu até a morte, em 5 de março de 2013.
A cerimônia de posse ocorre a partir das 12h (horário de Brasília), com a presença prevista de Gleisi Hoffmann, deputada eleita pelo PT, mas sem participação de nenhum membro do governo Bolsonaro. O Brasil, que integra o Grupo de Lima
(formado por Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala,
Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia e México),
considera a reeleição de Maduro ilegítima.
Para o grupo, com exceção do México, o poder deveria ser transmitido para o Parlamento da Venezuela, que, por sua vez, promoveria novas eleições. Nesta semana, o Peru informou que proibirá a entrada de Maduro e integrantes do governo, assim como suas famílias, no território peruano.
O segundo colocado foi o ex-governador Henri Falcón, que ficou com 1.820.552 votos, seguido pelo ex-pastor evangélico Javier Bertucci (925.042) e Reinaldo Quijada (34.614). Outro tanto ficou com as alianças opositoras Mesa da Unidade Democrática e Frente Ampla, que pediram a abstenção por considerar que o pleito era fraudulento – para eles, a participação na “farsa eleitoral” não chegou a 30%.
Antes mesmo do término da votação, os Estados Unidos denunciaram o que consideraram ausência total de legitimidade na eleição e indicaram que não reconheceriam o resultado do processo eleitoral – o que foi seguido por diversos países.
Queda de 50% do PIB e miséria
A pressão internacional, liderada pelos
Estados Unidos e caracterizada por sanções econômicas que agravam ainda
mais a delicada situação do país, deve se intensificar ainda mais com o
novo mandato. Especialistas acreditam que o cenário apenas se deteriorá
mais com a permanência de Maduro.
“Aparentemente Maduro conseguiu controlar
as instituições-chave, incluindo o Exército, que é seu principal
trunfo. Assim, no curto prazo é difícil imaginar que algo aconteça [para
tirá-lo do poder]. Agora que assumiu os preços devem subir de novo e
ele deve responder aumentar o salário mínimo, o que fará os preços
subirem mais. Vai ficar preso nessa situação”, avaliou Richard Francis,
diretor de ratings da agência Fitch à rede americana CNN.
“É uma situação econômica muito difícil, o PIB
caiu cerca de 50% desde 2013. Nunca vimos uma queda tão grande fora de
uma guerra ou casos como o fim da União Soviética. É um problema
enorme”, completa Francis.
A crise na Venezuela se agravou nos
últimos anos, provocando uma forte imigração, fome e desemprego na
região. Para o público interno, Maduro afirmou que apresentará um
conjunto de ações para frear a hiperinflação que atinge o país.
“Vou apresentar o Plano da Pátria diante
da Assembleia Nacional Constituinte para o próximo período de seis anos.
Vou fazer uma avaliação e apresentar um conjunto de medidas”, afirmou
Maduro, acrescentando que sua meta é a estabilidade econômica para o
período de 2019-2025.
A Pesquisa sobre Condições de Vida na
Venezuela (Encovi), realizada pelas principais universidades do país e
divulgada no fim de 2018, revelou que 48% da população vive em situação
de pobreza multidimensional, um resultado dois pontos percentuais maior do que o registrado em 2017.
Os número indicaram, ainda, que apenas
29% dos entrevistados afirmaram possuir água regularmente em suas casas.
Em 2017, o índice era de 45%.
Quanto à eletricidade, apenas 18%
disseram que o serviço nunca é interrompido em suas residências, contra
25% de 2017. Além disso, outros 25% responderam que ficam sem luz
diariamente por várias horas.
Cinco chefes de Estado confirmam presença na posse
Os chefes de Estado de cinco países
decidiram comparecer à posse de Nicolás Maduro. Os líderes da Bolívia,
Evo Morales; Nicarágua, Daniel Ortega; Cuba, Miguel Díaz-Canel; El
Salvador, Salvador Sánchez Cerén; e Ossétia do Sul (país não reconhecido
pelas Nações Unidas), Anatoly Bibilov; encabeçam a lista de presidentes
que acompanham Maduro, ao lado de outros 20 representantes
internacionais.
Uma fonte do governo, que pediu anonimato, disse à Agência Efe
que são mais de 100 delegações estrangeiras foram convidadas para a
cerimônia, mas se negou a dar outros detalhes sobre o assunto.
Até agora, o Ministério das Relações
Exteriores venezuelano confirmou a presença do vice-presidente da
Turquia, Fuat Oktay; o vice-presidente do Conselho da Federação da
Assembleia Federal da Rússia, Ilyas Umakhanov; o ministro da Agricultura
e Assuntos Rurais da China, Han Changfu, entre outros.
A deputada federal eleita e presidente do PT, Gleisi Hoffmann,
confirmou sua presença na posse, enquanto países como o Uruguai e
México designaram seus encarregados de negócios em Caracas como
representantes oficiais para este evento. O Brasil não enviará
representantes oficiais do governo eleito.
(Com Agência Brasil, AVN, Efe e CNN)
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