MEIO AMBIENTE
Vista aérea de áreas queimadas da Floresta Amazônica, no município de
Boca do Acre (AM): resultado de atividades ilegais - 24/08/2019 (Lula
Sampaio/AFP)
Em decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira 29, o presidente Jair Bolsonaro
determinou a proibição de queimadas em território brasileiro por
sessenta dias, a partir desta data. A decisão é tomada em meio à pressão internacional para que o governo controle incêndios florestais, sobretudo na região da Amazônia.
De acordo com o texto, o uso de fogo em vegetações pode ser
autorizado nesse período em apenas três hipóteses: para controle
fitossanitário (preservação ou defesa dos vegetais), prática de
prevenção e combate a incêndios ou agricultura de subsistência executada
por populações tradicionais e indígenas.
O Código Florestal vigente no país permite queimadas controladas em
casos específicos, desde que autorizadas por órgãos ambientais
competentes. Com a medida, a prática passa a ser mais restrita nos
próximos dois meses, antes do início da estação chuvosa na Floresta
Amazônica. Segundo declaração recente do ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, a proibição definitiva de queimadas em períodos de seca é um assunto estudado pela pasta.
Pelos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais),
desde janeiro foram registrados 83.329 focos de incêndios florestal no
Brasil, o que representa um aumento de 77% em relação ao mesmo período
de 2018. A suspeição pública por
parte do presidente Bolsonaro de que os dados do instituto contenham
erros e a demissão de Ricardo Galvão da presidência da entidade foram
alguns dos fatores que geraram críticas às políticas ambientais do
governo no primeiro semestre.
Nas últimas semanas outros episódios intensificaram o quadro, como as
decisões dos governos da Noruega e Alemanha de suspenderem doações ao
Fundo Amazônia – que patrocina projetos ambientais na região – por
entenderem que o Brasil não está seguindo políticas pertinentes para
impedir o aumento do desmatamento. Bolsonaro reagiu e chegou a dizer que
a verba poderia ser utilizada para “reflorestar” o território alemão, além de associar o governo norueguês à matança de baleias.
Após tarde recente em que o céu da cidade de São Paulo escureceu –
e especialistas indicaram a presença no ar de fumaça de queimadas
florestais como uma das causas do fenômeno -, uma crescente pressão
internacional denunciou a ocorrência de queimadas na Amazônia, levando o
assunto à cúpula do G7 por sugestão do presidente francês Emmanuel
Macron.
Bolsonaro e outras autoridades do governo acusaram o chefe de Estado europeu de
agir em interesse do setor agropecuário de seu país e desrespeitar a
soberania brasileira. Uma doação de 20 milhões de dólares (cerca de 83
milhões de reais) do G7 para o combate de incêndios chegou a ser
recusada pelo Planalto, mas nos últimos dias diversas medidas foram
tomadas para sinalizar o esforço na preservação das florestas, incluindo
o uso da Força Nacional no combate de queimadas.
(Por Diego Freire/Veja.com.br)
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