RELAÇÕES EXTERIORES
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (Adriano Machado/Reuters)
O Itamaraty
decidiu suspender as férias de todo os embaixadores do Brasil na Europa
e nos demais países do G7 pelos próximos 15 dias, em um esforço para
coordenar uma resposta ao que está sendo chamado no governo de “crise ambiental“, disseram fontes com conhecimento do assunto.
A decisão foi tomada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo,
depois de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Jair
Bolsonaro no final da tarde de domingo. A preocupação é o estrago
causado na imagem do Brasil pelas queimadas e o desmatamento na região
amazônica.
A ameaça por alguns países europeus de não ratificar o acordo
comercial entre Mercosul e União Europeia é uma das consequências da
crise ambiental.
O aviso foi feito nesta segunda-feira através de uma circular
confidencial e pegou os diplomatas de surpresa, mesmo em meio ao
bombardeio internacional que o Brasil vem sofrendo pelas queimadas e
desmatamento na Amazônia. Alguns embaixadores que estavam em férias
–esse é o período de férias escolares no hemisfério Norte– tiveram que
voltar.
A intenção é tentar coordenar uma “resposta diplomática” à crise. De
acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, a suspensão de férias
não é incomum, mas normalmente é reservada à ações humanitárias,
especialmente quando há risco de vida e necessidade de proteção a
brasileiros.
Na semana passada, o governo iniciou, como mostrou a Reuters, uma
ofensiva diplomática para tentar reverter os estragos que as queimadas
na Amazônia estavam fazendo à imagem do Brasil. Foi distribuído a todos
postos diplomáticos no mundo um documento de 12 páginas com 59 itens e
dados para que os diplomatas defendessem o governo das acusações de mau
gerenciamento do meio ambiente.
Além disso, também foi repassado um cartaz com 9 pontos sobre as
queimadas preparado pelo Ministério do Meio Ambiente com a ordem de que
todas as embaixadas e consulados os colocassem em sua página oficial nas
redes sociais.
O material afirmava, entre outros pontos, que queimadas “acontecem
todo ano no Brasil” e que este é o período crítico do ano –na verdade, o
auge da seca na região Norte ainda não começou. O nono ponto apontava
que “os incêndios que ocorrem agora não estão fora de controle”.
Até agora, a ofensiva nas redes sociais não teve muito sucesso.
Diplomatas têm recebido e-mails e comentários nas redes, a sua maioria
com reclamações pesadas à atuação do governo, tanto de brasileiros
quanto de estrangeiros.
A crise internacional que assolou o governo começou com a divulgação
de dados de acompanhamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) mostrando que o número de focos de queimadas este ano está mais
de 80% maior do que no mesmo período do ano passado.
Fotos da floresta queimando e de cidades da região cobertas de fumaça
começaram a circular nas redes sociais, o que causou um movimento
internacional de reclamações e cobranças contra o governo do presidente
Jair Bolsonaro.
(Por Reuters)
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