AMAZÔNIA
Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Presidente da França,
Emmanuel Macron, durante Reunião Paralela dos Líderes do G20, sobre
Economia Digital em Osaka no Japão - 28/06/2019 (Frederico
Mellado/ARG/Flickr)
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) condicionou uma eventual análise da ajuda de 20 milhões de euros oferecida pelo G7 para combater as queimadas na Amazônia a
um gesto do francês Emmanuel Macron para “retirar os insultos” que o
brasileiro reputa a seu colega europeu. “Para conversar ou aceitar
qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele
vai ter que retirar essas palavras. Daí a gente pode conversar”, disse.
O presidente brasileiro também disse que ele próprio não rejeitou o
dinheiro. “Eu falei? Jair Bolsonaro falou?”, questionou — na noite
desta segunda-feira a informação foi confirmada pelo Palácio do
Planalto. “Primeiro, ele [Macron] retira [as declarações]. Depois, ele
oferece. Daí eu respondo”, reiterou Bolsonaro. Mais cedo, na segunda,
após Macron anunciar a ajuda, Bolsonaro já havia desdenhado da oferta,
atacando o francês e colocando sob suspeita interesses de países ricos
na região amazônica.
A a relação entre os dois presidentes piorou depois que Bolsonaro
comentou, em tom de deboche, a publicação de um seguidor que comparava a
beleza da primeira-dama da França, Brigitte Macron, à de Michelle
Bolsonaro. “Não humilha cara. Kkkkkkk”, respondeu o presidente. Macron
afirmou que o comportamento foi “triste” e “extremamente desrespeitoso” e
disse esperar “muito rapidamente” que os brasileiros “tenham um
presidente que esteja à altura do cargo”.
Sobre a declaração, Bolsonaro afirmou que não quer levar para o lado
pessoal. “Eu não botei aquela foto. Alguém que botou a foto lá e eu
falei para ele [o seguidor] não falar besteira. Não quero levar para
esse lado. A questão pessoal e familiar eu não me meto, sempre respeito o
cara para não entrar nesta área”, disse o presidente brasileiro, antes
de deixar a entrevista, irritado.
O Palácio do Planalto informou na noite desta segunda-feira,
26, que rejeitará ajuda de 20 milhões de dólares, equivalente a 83
milhões de reais, prometidos pelo G7. O Planalto não
informou o motivo para recusar os valores. O governo tem dito que não há
anormalidade nas queimadas e que países europeus tentam fragilizar a
soberania do Brasil sobre a floresta.
Bolsonaro se reúne nesta terça com governadores dos estados da região amazônica para debater medidas contra queimadas na região. A chamada Amazônia Legal é
composta por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Um dos participantes do
encontro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,
admitiu que uma das ações a serem abordadas é a proibição de queimadas
na floresta durante período de seca. Segundo o ministro, estão sendo
avaliadas questões legais para que um decreto seja elaborado.
(Por Giovanna Romano/Veja.com.br)
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