EX-PRESIDENTA & MINISTRO
Dilma Rousseff - AFP PHOTO / PIERRE-PHILIPPE MARCOU
Brasília - A Polícia Federal pediu ao relator da Operação Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, a prisão
temporária da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega (PT), dos ex-senadores Eunício Oliveira (MDB-CE) e
Valdir Raupp (MDB-RO) e do ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de
Contas da União (TCU). Os pedidos - negados por Fachin - foram
formulados no âmbito de um inquérito que apura suposta "compra e venda"
de apoio político do MDB em benefício do PT nas eleições presidenciais
de 2014.
As suspeitas foram levantadas nas delações premiadas do
executivo Ricardo Saud, delator do caso J&F, e do ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado. Em sua delação, Saud disse ter havido
pagamento da ordem de R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT.
De acordo com o executivo, apesar de diversas doações terem sido
oficiais, trata-se de "vantagem indevida", já que dirigentes do PT
estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014
para garantir a aliança entre os dois partidos.
Machado, por sua
vez, relatou repasses de R$ 40 milhões por parte do grupo J&F a
senadores do MDB, a pedido de Mantega (então ministro da Fazenda), como
forma de "comprar o apoio político" do MDB. O inquérito foi aberto por
Fachin em 14 de maio do ano passado.
Relevância
Em
junho deste ano, a PF encaminhou ao Supremo um relatório de 218 páginas
com a relação completa dos pedidos solicitados para a decretação de
prisões temporárias, buscas e apreensões e a coleta de depoimentos dos
investigados.
A PF apresentou "pedido de prisão temporária dos
investigados com maior relevância, bem como daqueles que atuaram na
entrega e no recebimento em espécie das quantias ilícitas em benefício
dos senadores do MDB, sob o fundamento de que a privação da liberdade de
locomoção destes indivíduos é indispensável para a identificação de
fontes de prova e obtenção de elementos de informação quanto à autoria e
materialidade das infrações penais investigadas".
A Polícia
Federal cumpriu nesta manhã uma série de mandados de busca e apreensão,
além de medidas de sequestro de bens, por ordem de Fachin.
"No
caso, nada obstante, como já afirmado, esteja satisfatoriamente
demonstrada a plausibilidade das hipóteses investigativas levadas a
efeito pela autoridade policial, a pretensão de restrição da liberdade
de locomoção dos investigados não se encontra provida da indicação de
concretas condutas atentatórias às apurações que evidenciem a
necessidade da medida extrema", observou Fachin em sua decisão, que
autorizou a operação realizada nesta terça-feira.
"Nesse sentido,
possível se fazer referência à manifestação da Procuradoria-Geral da
República, pontuando que 'não há evidências de que, em liberdade, os
investigados possam atrapalhar a execução das medida de busca e
apreensão'. Com essas considerações, indefiro as prisões temporárias
requeridas", concluiu o relator da Lava Jato.
Defesas
EUGÊNIO ARAGÃO, QUE DEFENDE DILMA
"É
necessário evidenciar que não figura entre os investigados no inquérito
e foi chamada exclusivamente para dar esclarecimentos em relação ao
caso."
ASSESSORIA DE EUNÍCIO OLIVEIRA
"Nem o empresário
Eunício Oliveira, nem nenhum endereço ou pessoas ligados a ele, foram
objeto de quaisquer ações judiciais decorrentes dessa decisão do
ministro Luiz Edson Facchin. Como sempre o fez, o ex-senador está à
disposição para prestar os esclarecimentos que o Poder Judiciário achar
necessários."
O Estado entrou em contato com o gabinete do
ministro Vital do Rêgo Filho e a defesa de Mantega e aguarda uma
manifestação. A reportagem está tentando localizar Valdir Raupp.
(Por:Estadão Conteúdo)
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