MORTE DE MARIELLE
Elcio Vieira de Queiroz e Ronnie Lessa, ex-policiais suspeitos de
participarem do assassinato da vereadora Marielle Franco -
14/03/2019 (Bruna Prado/AP - Alexandre Brum/Agência O Dia/Estadão
Conteúdo)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro ofereceu acordo de delação premiada
aos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, suspeitos
do assassinato da vereadora Marielle Franco
(PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Em troca de benefícios como uma
eventual redução de pena, eles teriam que apontar o nome do suposto
mandante do crime. A dupla recusou e voltou a dizer que não tem
participação nos homicídios. A proposta foi feita no dia 5 de novembro,
uma semana após reportagem da TV Globo revelar que o depoimento de um
porteiro envolvera o nome do presidente Jair Bolsonaro no caso.
Lessa e Queiroz foram ouvidos das 10h às 20h no presídio de Porto
Velho, em Rondônia, onde estão presos desde junho – antes, a dupla
passou por Bangu 1, no Rio, e pela penitenciária federal de Mossoró, no
Rio Grande do Norte. Gravado em áudio e vídeo, o depoimento faz parte
das investigações da Polícia Civil sobre a existência de um mandante da
morte de Marielle. A oitiva foi realizada um mês depois da dupla ser
ouvida no âmbito do processo em que são réus por homicídio triplamente
qualificado.
Os suspeitos foram perguntados se sabiam o nome de alguém que pudesse
ter ordenado o crime, e responderam se conheciam uma série de políticos
e milicianos do Rio – inclusive aqueles que, de acordo com as
investigações, fariam parte do Escritório do Crime, grupo de matadores
de aluguel que estaria por trás de diversos homicídios ligados às
disputas da contravenção e que jamais foram esclarecidos.
Os réus também negaram quando foram perguntados sobre uma suposta
relação deles com o porteiro Alberto Mateus, que trabalha no condomínio
onde Ronnie Lessa vivia no dia do crime. O presidente Jair Bolsonaro
também possui uma casa no local. Em outubro, em depoimento à Polícia
Civil, o porteiro mencionou o nome de Bolsonaro no caso ao dizer que, no
dia 14 de março de 2018, quando Marielle e Anderson foram mortos, foi
“seu Jair” quem autorizou a entrada do suspeito Élcio de Queiroz no
condomínio. Segundo as investigações, Élcio e Ronnie saíram dali para
cometer o crime naquela noite.
No começo deste mês, reportagem da revista VEJA revelou que Alberto
Mateus vive no bairro da Gardênia Azul, onde Ronnie Lessa exerceria
“influência”, de acordo com a apuração do crime. Na semana passada, em
depoimento à Polícia Federal, o porteiro Alberto Mateus afirmou que se enganou ao mencionar o nome de Bolsonaro à Polícia Civil.
Procurada para comentar a reportagem, a Polícia Civil informou que “o caso corre sob sigilo”.
(Por:Leandro Resende.Radar)
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