INVESTIGAÇÃO
NA MIRA DO MPF - Deputado Tiririca está sendo investigado por suspeita
de uso irregular de passagens aéreas da Câmara (Cristiano Mariz/VEJA)
Em seu primeiro discurso na Câmara, em dezembro de 2017, o deputado
Tiririca disse estar decepcionado com a política brasileira e com seus
colegas. “O que eu vi nos sete anos aqui, eu saio totalmente com
vergonha”, afirmou ele. Apesar de ter se despedido do Congresso naquele
ano, o humorista se candidatou pelo Partido Liberal em 2018 e foi eleito
por São Paulo com quase meio milhão de votos. Em seu terceiro mandato
em Brasília, o parlamentar percebeu que, diferentemente do que dizia em
sua campanha, pior que está, fica.
No último dia 18 de novembro, o Ministério Público Federal instaurou
uma investigação para apurar se o deputado utilizou “verba de gabinete
para realizar viagens particulares”. Embora tenha sido eleito por São
Paulo, Tiririca comprou com dinheiro público passagens aéreas para o
Ceará, seu estado natal. A Câmara estabelece, entre outras regras, que
os recursos destinados para viagens do político têm de estar
relacionados com o exercício do mandato ou com deslocamentos para a sua
base eleitoral. Os bilhetes não podem servir para benefício pessoal.
No caso de Tiririca, o Ministério Público Federal apura num inquérito
civil se os gastos do deputado e seus assessores com passagens aéreas
ao longo deste ano tiveram como finalidade cumprir agenda parlamentar ou
se foram utilizadas com outro propósito. O parlamentar eleito por São
Paulo costuma postar fotos em suas redes sociais divulgando shows em sua
terra natal. Somente neste ano, o seu gabinete desembolsou mais de 70
000 reais em dinheiro público para se deslocar dezenas de vezes de
Brasília para Fortaleza. Procurada, a equipe de Tiririca informou que
não recebeu qualquer notificação da investigação e que todas as
passagens aéreas são compradas de acordo com o regimento da Câmara.
O salário líquido de Tiririca, assim como o de outros deputados, é de
quase 25 000 reais. Além disso, ele ganha um auxílio moradia de 4 253
reais — e boa parte de suas despesas com transporte e refeições em
Brasília é bancada pela Câmara. Ao longo deste ano, o deputado propôs 12
projetos de lei, da instituição do dia oficial do artista circense à
inclusão de idosos em empresas. Apesar de sua desenvoltura em frente às
câmeras, ele ainda não discursou em plenário neste ano. Mas talvez
agora, sob investigação, seja um bom momento para dar explicações aos
seus eleitores de São Paulo.
(Por
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