MINISTRO FALOU EM AI-5
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Severino Silva / Agencia O Dia
Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
criticou as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que
afirmou para "não se assustarem" se alguém defender o AI-5 em caso de
radicalização de futuras manifestações no País. Guedes ainda sugeriu que
o projeto de lei do excludente de ilicitude seria uma resposta do
presidente Jair Bolsonaro ao discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva
"Ele Guedes gera uma segurança na sociedade e,
principalmente, nos investidores. Usar dessa forma, mesmo que sendo para
explicar o radicalismo do outro lado, não faz sentido. Por que alguém
vai propor o AI5 se o ex-presidente Lula, que acho que está errado
também porque está muito radical estimula manifestação de rua? O que uma
coisa tem a ver com a outra? Nós vamos estimular o fechamento do
parlamento? Dos direitos constitucionais dos cidadãos como o habeas
corpus como fez o AI5? É isso que estamos querendo estimular? Por uma
manifestação de rua, a gente fecha as instituições democráticas?"
Após
ser solto, o ex-presidente Lula convocou apoiadores a protestar e
declarou que "um pouco de radicalismo faz bem à alma". No fim de
outubro, antes de o petista ser solto, o deputado Eduardo Bolsonaro,
filho do presidente, defendeu medidas como "um novo AI-5" para conter
manifestações de rua, caso "a esquerda radicalizasse".
"Temos que
tomar cuidado porque a gente está usando um argumento que não faz
sentido do ponto de vista do discurso. E como não faz sentido, acaba
gerando insegurança em todos nós de qual o intuito por trás da
utilização recorrente dessa palavra", afirmou Maia durante evento sobre
democracia e política na Câmara dos Deputados.
O Ato
Institucional nº 5 foi a mais dura medida instituída pela ditadura
militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao
presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares,
intervir nos municípios e Estados. Uma das medidas foi esvaziar
garantias constitucionais como o direito a habeas corpus e suspensão de
direitos civis, como citado por Maia. A fala de Eduardo Bolsonaro foi
repreendida por lideranças políticas e por ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF).
O presidente da Câmara afirmou ainda que os dois lados - governo e o ex-presidente Lula - estão estimulando uma "guerra campal".
"Me
dá impressão, às vezes, que os dois campos, tanto o ex-presidente Lula
quanto parte do governo, ficam estimulando que as manifestações venham
para as ruas e não que seja um movimento natural, que sejam estimulado
pelo outro. E isso não me parece o melhor caminho", afirmou.
(Por:Estadão Conteúdo)
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