segunda-feira, 27 de abril de 2020

Centrão aposta que Moro não tem ‘bala na agulha’ contra Bolsonaro. Ex-ministro não poderia admitir crimes graves do presidente, pois isso também revelaria suposta prevaricação, avaliam caciques

BRASIL,  POLÍTICA
 
 Moro, na avaliação dos caciques do centrão, ainda terá vida dura com o procurador-geral da República, Augusto Aras. O chefe da PGR tratou de registrar detalhadamente, no pedido de abertura de inquérito, cada denúncia feita por Moro. A partir daí, forçará o ministro a liberar suas provas. //Reprodução

A guerra de Sergio Moro contra Jair Bolsonaro não irá provocar fortes danos ao presidente nesse momento. A avaliação é de integrantes da cúpula do centrão ouvidos pelo Radar.

Pelo roteiro traçado pelos políticos, e compartilhado com Bolsonaro, Moro não poderá revelar nada grave sobre sua relação com o presidente no período em que esteve no Ministério da Justiça sem incorrer também ele em crime de prevaricação.

“Como o ministro vai explicar que deixou escapar um crime do presidente da República? É claro que ele não pode ir tão longe nessa história”, diz um parlamentar do PP.

Outro interlocutor do PSD avalia que tanto o Congresso quanto o STF não irão se empenhar para respaldar as denúncias de Moro nesse momento. Por um motivo simples.

“Ninguém gosta do Moro no Congresso e no Supremo. Vão deixar esse negócio dele morrer, até porque a gente sabe que o Bolsonaro achará outra forma de complicar seu próprio governo”, diz o interlocutor, ironizando a capacidade do presidente de gerar crises no Planalto.

Moro, na avaliação dos caciques do centrão, ainda terá vida dura com o procurador-geral da República, Augusto Aras. O chefe da PGR tratou de registrar detalhadamente, no pedido de abertura de inquérito, cada denúncia feita por Moro. A partir daí, forçará o ministro a liberar suas provas.

Se Bolsonaro de fato cometeu crime de obstrução de Justiça e abusou de suas funções para receber informações privilegiadas da Polícia Federal, Moro terá de explicar por que não adotou providências quando teve conhecimento de tais crimes.


(Por Robson Bonin/Radar) 

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