ANÁLISE
Segundo a análise de Augusto Macêdo, exames laboratoriais mais precisos ajudariam em melhor combate à Covid-19 no RN
Quase 50 dias após o surgimento do primeiro caso de Covid-19 no Rio
Grande do Norte, em 12 de março, o quadro real sobre a doença em terras
potiguares ainda é desconhecido pelas autoridades de saúde. A avaliação é
do matemático potiguar Augusto Macêdo. Ele aponta que a falta de
testagem em massa da população resulta em ampla subnotificação dos
casos, o que pode trazer graves problemas para os hospitais públicos, já
que o número de infectados pode ser bem maior do que o esperado.
O especialista também faz críticas a uma apresentação feita pela
Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), do dia 7 de abril, sobre
os cenários futuros da Covid-19 no Rio Grande do Norte. Em um quadro
chamado de “cenário pessimista”, com 27% da população cumprindo as
regras de isolamento social, o estado teria até a última segunda-feira
(27) 334.762 infectados e 1.859 óbitos.
“O que tivemos? 832 contaminados e 45 mortes. Houve um erro na
planilha da Sesap. Os números são obtidos imaginando um crescimento
constante, a cada quatro dias, o número de infectados ficaria
multiplicado por 2,4. Isso não é possível de acontecer, pois nesse tipo
de contaminação, podemos ter em uma primeira fase um crescimento
acelerado no número de infectados, mas haverá, a partir de determinado
momento, uma segunda fase, com o decréscimo no número de infectados,
pois como explicamos no texto, o número de susceptíveis (candidatos à
infecção) vai diminuindo”, detalha.
Apesar de os números não se assemelharem ao cenário proposto pela
Secretaria Estadual de Saúde, a situação do Rio Grande do Norte está
longe de ser satisfatória, aponta Augusto Macêdo. “Não dispormos de
medidas de qualidade para o número de infectados, temos uma
subnotificação, pois o número de testes realizado é baixo. É possível
afirmar que estamos ainda na primeira fase da contaminação, onde o
número de infectados é uma crescente, agora não podemos predizer quando
ocorrerá o pico, e nem a sua magnitude. Maio e junho serão meses
críticos, contudo, longe da previsão da Sesap”, explica.
Ainda de acordo com ele, que produziu um estudo sobre o comportamento
analítico da Covid-19 para a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte
(Coopmed), o pico da doença – a fase mais grave – vai ocorrer entre maio
e junho.
Ele alerta para a necessidade de ações para garantir ampliação da
testagem, bem como do reforço às estruturas hospitalares. “Creio que em
maio já teremos problemas, e sem a menor noção de quantos leitos
precisaremos. Estamos em uma guerra, voando às cegas”, critica.
Segundo o professor Augusto Macêdo, o Rio Grande do Norte está na fase inicial da doença, com o crescimento gradativo de casos.
“Ao ver os casos acumulados se percebe que estamos na fase 1”, explica, de acordo com o estudo apresentado à Coopmed.
O matemático ressalta que a falta uma política consistente em relação
à identificação dos infectados através de testes laboratoriais. Ele
alerta que isso é um “fator impedidor” de uma análise matemática mais
precisa para a epidemia da Covid-19 em todo o Rio Grande do Norte.
(Por:AgoraRN)
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