GOVERNO
O presidente Bolsonaro apresentou o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, no Palácio do Planalto - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro pede o fim das quarentenas e o
ministro da Saúde, Nelson Teich, afirma que a pasta já estuda medidas
para o relaxamento do distanciamento social. Mas o governo federal não
tem em mãos dados básicos para começar a desenhar a nova estratégia de
resposta à covid-19, como taxa de ocupação de leitos e de testes de
diagnóstico em cada Estado e no Distrito Federal.
No começo do
mês, o ministério determinou que gestores de estabelecimentos públicos e
privados de saúde informassem o número de leitos e ocupação, sob pena
de cometer infração sanitária grave ou gravíssima, que pode até levar à
interdição do espaço. Segundo apurou a reportagem, há Estados que ainda
não enviaram informações. A ideia era já ter divulgado os dados, mas o
ministério não tem data para mostrar o Censo Hospitalar, como é chamada a
iniciativa.
A falta de dados já incomodava a equipe do
ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Ele chegou a dizer a colegas que
iria pedir à Polícia Federal para acompanhar o envio de informações para
a base de dados, ideia que não foi para frente. O novo ministro da
Saúde, Nelson Teich, disse em sua primeira entrevista coletiva, na
quarta-feira, que a informação sobre a covid-19 é "crítica" e o País tem
de ser mais "eficiente". "É uma corrida contra o tempo."
Ele não
apresentou sequer à equipe atual da pasta detalhes sobre quais dados
pretende levantar para dar subsídios a Estados e municípios na
elaboração de um plano de retomada das atividades, como quer Bolsonaro.
"É impossível um País viver um ano, um ano e meio parado. Um programa de
saída, isso é que a gente vai desenhar e dar suporte para Estados e
municípios", disse Teich esta semana.
A transparência em dados
sobre a covid-19 é acompanhada pela Open Knowledge Brasil (OKBR).
Segundo boletim de 16 de abril da organização, 78% dos Estados ainda não
divulgavam taxa de ocupação de leitos. Entre os Estados que divulgaram,
há avanço da covid-19.
No Amazonas, os leitos dedicados a
tratamento contra o vírus estão com ocupação superior a 90%, segundo a
secretaria estadual de saúde.
O Estado tem feito enterros em
trincheiras improvisadas. No Rio de Janeiro, Estado que "aguenta muito
pouco", segundo o ex-ministro Mandetta disse ainda em março, a ocupação
de UTIs beira os 80%. Há duas semanas, a taxa era de cerca de 60%.
Atraso
Para
enfrentar a covid-19, o governo prometeu enviar 3 mil kits para
instalação de leitos de UTI nos Estados. Em 15 de março, o Estado
revelou promessa de envio da primeira leva, de 540 unidades, que
serviria de "reserva técnica".
Hoje, as unidades tornaram-se
essenciais, mas apenas 340 kits foram entregues. O governo tem dito que
encontrou dificuldades para compra de equipamentos - mil respiradores,
por exemplo, foram bloqueados pelo governo da Argentina.
Apenas 4
Estados publicam quantidade de testes disponíveis, segundo informe de
quinta-feira da OKBR. O ministro Teich aponta a testagem como pilar de
sua estratégia de combate à covid-19. O governo federal também não tem
divulgado o número de testes aplicados.
(Por:Estadão Conteúdo)
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