CONGRESSO
A tropa de choque bolsonarista: aliados ideológicos, quase todos no primeiro mandato Redes Sociais/Reprodução
Ao mesmo tempo em que faz acenos ao partidos do chamado Centrão, inclusive com a oferta de cargos, para tentar fortalecer a sua base política no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro
tem intensificado o diálogo com os poucos deputados fiéis que lhe
restam no Parlamento, aliados ideológicos de primeira hora e que compõe
hoje uma espéce de tropa de choque bolsonarista no Legislativo.
Na esteira da crise detonada com a saída do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
que rachou o bolsonarismo e o lavajatismo, os deputados fiéis tomaram
um café da manhã com o presidente da República, no Palácio da Alvorada,
nesta quarta-feira, 29. No encontro, reafirmaram o compromisso com o
governo e prometeram confrontar o ex-juiz federal caso ele seja
convocado a prestar esclarecimentos sobre as acusações que ele fez na
saída do cargo e que renderam a abertura de um inquérito no Supremo
Tribunal Federal e assanhou a oposição, principalmente na Câmara.
O perfil da tropa de choque bolsonarista ajuda a explicar por que o
presidente busca o apoio de parlamentares mais experiente: ela é
composta basicamente por deputados de primeiro mandato. Estiveram com o
presidente Aline Sleutjes (PSL-PR); Alê Silva (PSL-MG); Bia Kicis
(PSL-DF); Bibo Nunes (PSL-RS); Carla Zambelli (PSL-SP); Carlos Jordy
(PSL-RJ); Caroline de Toni (PSL-SC); Chris Tonietto (PSL-RJ); Coronel
Armando (PSL-SC); Coronel Chrisóstomo (PSL-RO); Daniel Freitas (PSL-SC);
Daniel Silveira (PSL-RJ); Luiz Ovando (PSL-MS); Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP); Filipe Barros (PSL-PR); General Girão (PSL-RN); Guiga Peixoto
(PSL-SP); Helio Lopes (PSL-RJ); Junio Amaral (PSL-MG); Luiz Lima
(PSL-RJ); Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP); Major Fabiana
(PSL-RJ); Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do partido na Câmara; Márcio
Labre (PSL-RJ) e Sanderson (PSL-RS). Destes apenas o filho do
presidente, Eduardo Bolsonaro, já havia sido deputado federal.
Segundo o deputado Carlos Jordy, além de reafirmar o compromisso com o
governo Bolsonaro, os parlamentares cobraram do presidente “a criação
de um canal de comunicação mais próximo para que as informações sejam
passadas de forma mais célere, para melhor defesa do governo”. “Foi uma
reunião muito tranquila. Ressaltamos ao presidente e aos ministros que
somos a base aliada no Congresso e que estamos na linha de frente para
blindá-lo de desgastes”, afirmou a VEJA. A reivindicação por uma
interlocução mais próxima com o Palácio do Planalto ocorre após a
demissão de Moro, episódio no qual os parlamentares bolsonaristas
rebateram, equivocadamente, a informação divulgada pela imprensa de que o
então ministro havia pedido demissão. Chamaram as notícias de fake
news, disseram que ele estava firme no cargo e depois viram a queda de
fato do ex-juiza.
O deputado reconhece que a saída de Moro do governou “criou uma
fagulha inicial” e uma “fratura momentânea” na popularidade de
Bolsonaro, mas que, em sua avaliação, o apoio de seus seguidores foi
retomado após o pronunciamento do presidente ao lado dos ministros para
tentar rebater as afirmações de Moro. “[A demissão de Moro] Criou uma
fagulha inicial, sim, porque é uma figura que carrega consigo esse
símbolo de combate às práticas espúrias que o eleitorado de Bolsonaro
rejeita. Mas o presidente também carrega isso. Como o ministro saiu
atirando, há um baque inicial, uma certa fratura momentânea em sua
imagem. Mas sua imagem e popularidade foram resgatadas após seu
discurso”, diz.
Nos bastidores, deputados e senadores articulam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar as acusações feitas por Moro de que Bolsonaro tinha a
intenção de interferir politicamente na Polícia Federal (PF), a fim de
obter informações sobre investigações. Jordy admite que a ida do
ex-ministro ao Congresso deverá ser “um momento muito intenso”, mas
afirma que a tropa de choque irá confrontá-lo para blindar o governo
federal.
“Não tememos a convocação de Moro. Será, sem dúvida, um momento muito
intenso, de muita pirotecnia da oposição, que irá promover um
espetáculo para atingir o governo. Mas, ao mesmo tempo, será uma
oportunidade para nós, aliados do governo, podermos confrontá-lo. Como
juiz, Moro sabe bem que não pode mentir. Se não apresentar provas das
acusações que fez, digo, inclusive, que a sua convocação terá sido
favorável a nós, porque poderemos tomar medidas judiciais”, afirmou a
VEJA.
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