Diretor da Abin, Alexandre Ramagem chegou a ser nomeado para a direção-geral da Polícia Federal, mas não tomou posse, porque ato foi anulado após decisão do ministro Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello
Os ministros Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) vão depor na próxima terça-feira no inquérito que investiga as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de "interferência política" do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Também foram marcados, para segunda-feira, os depoimentos do ex-diretor da PF, Maurício Valeixo, do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e do ex-superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi. O "número dois" da PF, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, e o ex-chefe da corporação em Minas, Rodrigo Teixeira, também devem ser ouvidos na semana que vem, em data a ser confirmada.
A próxima semana também contará com o depoimento da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), cuja oitiva está marcada para o próximo dia 13. A parlamentar será ouvida por troca de mensagens com Moro em que pede ao ex-ministro que aceite a mudança na direção-geral da PF solicitada por Bolsonaro e, em troca, ela se comprometeria ‘a ajudar’ com uma vaga no STF.
Também como parte deste inquérito, o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deu ontem prazo de 24 horas para o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestar sobre três pedidos de reconsideração apresentados pela Advocacia-Geral da União (AGU).
No primeiro pedido, de quarta-feira, o governo requisitou que o ministro reconsiderasse o pedido do vídeo por se tratar de "assuntos sensíveis de Estado." No segundo, a AGU pediu para enviar somente trechos do vídeo. Na peça encaminhada ao STF ontem, a AGU solicitou que seja definida a cadeia de custódia da gravação. Diante da "iminente entrega do registro", o braço jurídico do governo Bolsonaro quer saber quem poderá acessar o vídeo até que sejam "segregados os elementos pertinentes" ao inquérito.
A defesa de Moro alegou ao decano que "destacar trechos que são ou não importantes não pode ficar a cargo do investigado". De acordo com os advogados do ex-ministro, "eventuais colocações constrangedoras" de Bolsonaro, passíveis de constatação durante a reunião, “não são motivos aptos a impedir o atendimento de determinação judicial pois não se trata de segredo de Estado".
Segundo o ex-juiz da Lava Jato, na reunião de 22 de abril, Bolsonaro falou sobre sua vontade de tirar Maurício Valeixo do comando da PF e ameaçou demitir Moro. Ministros que participaram da reunião relataram ao Estadão que a substituição da PF foi tratada, mas que a ameaça de demissão foi generalizada. Reportagem publicada na edição de ontem mostrou que a reunião foi marcada por palavrões e por críticas de ministros do governo ao Supremo.
A agenda com o presidente foi convocada inicialmente para apresentação do programa Pró-Brasil, de recuperação econômica, e teve a participação de 26 autoridades, incluindo o vice presidente, Hamilton Mourão, todos os ministros e presidentes dos bancos públicos. Outros auxiliares diretos de Bolsonaro também acompanharam.
Heleno, Braga Netto e Ramos foram listados por Moro como testemunhas por terem participado de duas reuniões em que Bolsonaro pressionou o ex-ministro da Justiça a trocar o comando da Polícia Federal. Além do encontro de ministros no dia 22, eles estavam com Moro no dia seguinte. Em 23 de abril, o ex-ministro da Justiça teria informado a Heleno e Braga Netto os motivos pelos quais não aceitaria a substituição do chefe da PF. De acordo com o relato de Moro, os ministros se comprometeram a demover o presidente da intenção.
(Por:Marcos Oliveira/Agência Senado)
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