APÓS AÇÕES DE PARTIDOS
Fachada do Supremo Ttribunal Federal (STF)
Brasília - Após sete partidos protocolarem no Supremo Tribunal Federal
(STF) ações sobre vacinação nesta sexta-feira, 23, o ministro Ricardo
Lewandowski, pediu explicações ao Planalto e já adiantou que não irá
decidir sozinho sobre os pedidos de liminar, mas enviar diretamente ao
Plenário para decisão conjunta, "em razão da importância da matéria e a
emergência de saúde pública decorrente do surto do coronavírus". Uma das
ações quer impedir o governo de prejudicar o andamento de qualquer
pesquisa de imunizante no País. Outras duas discutem a legalidade de
impor a vacinação obrigatória.
Lewandowski foi sorteado para
relator. São quatro as ações apresentadas ao Supremo, em meio à polêmica
afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que não irá autorizar
importação de vacinas da China pelo governo federal, em discurso que
agrada em cheio a ala ideológica do governo, que prega a não
obrigatoriedade da vacinação.
Além da Presidência da República, o ministro quer ouvir também a
Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR)
- o prazo para as respostas é de cinco dias.
Em uma das ações,
PCdoB, PSOL, PT, PSB e Cidadania pedem que o STF, entre outros pontos,
impeça Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, de
praticarem quaisquer atos que dificultem a continuação das pesquisas
sobre vacina. Os cinco partidos pedem também que governo entregue, em
até 30 dias, planos e programa relativos à vacina e medicamentos contra a
covid-19. A Rede Sustentabilidade, em outra ação, também requer que o
governo federal apresente um plano de vacinação.
Outras duas ações foram apresentadas pelo Partido Democrático
Trabalhista e pelo Partido Trabalhista Brasileiro, com pedidos
divergentes. Para o PDT, de oposição ao governo Jair Bolsonaro, o
Supremo deve reconhecer a competência de estados e municípios para
determinar ou não a vacinação compulsória da população. Por outro lado, o
PTB, da base aliada do presidente da República, solicita que essa
possibilidade seja declarada inconstitucional
Todos esses pedidos
chegaram ao Supremo no mesmo dia em que o presidente do tribunal, Luiz
Fux, previu uma avalanche de processos sobre vacinação. O ministro
demonstrou estar de acordo com a necessidade de debate sobre alguns dos
fundamentos que estão em discussão na sociedade.
"Podem escrever,
haverá uma judicialização, que eu acho que é necessária, sobre essa
questão da vacinação. Não só a liberdade individual como também os
pré-requisitos para se adotar uma vacina. Não estou adiantando ponto de
vista nenhum, estou apenas dizendo que essa judicialização será
importante", disse.
A fala de Fux foi dada em um momento no qual o
ministro dizia que pretende ver o Supremo "respeitado". "Eu não quero
protagonismo judicial do Supremo, interferindo em matérias que não são
da sua competência, à luz da separação dos poderes", disse, antes de
falar sobre a judicialização da vacinação.
(Por:Estadão Conteúdo)
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